São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Raça
"Os índices estatísticos que demonstram o incrível e inaceitável processo de diferenciação racial no Brasil, no que concerne à raça negra em relação ao grupo étnico não negro, revelam números que causam espanto e uma enorme vergonha. Ao verificarmos que, para o mesmo tipo de trabalho, muitas vezes o cidadão negro recebe mensalmente metade do salário pago ao cidadão branco ou amarelo, ou que a taxa de desemprego é pelo menos de 20% a 25% maior entre os negros, em relação aos brancos, ou, ainda, que o ingresso em bancos escolares de nível médio e superior é sensivelmente menor para os negros, perguntamos que país é este e aonde iremos chegar diante de tamanha agressão ao ser humano. Nós, que não abrimos mão em hipótese nenhuma da liberdade e da democracia, que repudiamos e lutamos até as últimas consequências contra todo e qualquer tipo de discriminação racial, intolerância e racismo, temos que nos insurgir contra esse estado vigente, exigindo que a sociedade e o poder público estabelecido criem os mecanismos sociais, políticos, econômicos e legais para que essas diferenças sejam reduzidas a um número bem próximo de zero."
David Neto (São Paulo, SP)

Legalizando diferenças
"Irrita até uma estátua ler na Folha a justificativa apresentada pelo ministro Nelson Jobim para o tal foro privilegiado, quando relata que "autoridades na condição de agentes políticos precisam de proteção de foro privilegiado para não sofrerem constrangimentos com a eventual banalização de ações de primeira instancia". Não faltava mais nada a não ser legalizar diferenças. Alguém acredita que, depois desse primor de interpretação de diferença de direitos entre um "barnabé" qualquer tratado no cacete e essa nova figura jurídica, algum dos tais "agentes políticos", habituais predadores do Estado, irá em cana? Enquanto damos um passo à frente com a Lei de Responsabilidade Fiscal, a turma de doutos conseguirá fazer o país dar um para trás?"
Laércio Zanini (Garça, SP)

Política desumana
"Gostaria de parabenizar o colunista desta Folha José Sarney pelo irônico "muy amigo" que empregou em sua crônica de 22 de novembro (pág. A2) a respeito dos verdadeiros interesses dos americanos pelo nosso povo. Não devemos servir de escudo para americanos por uma situação que eles próprios cultivaram e que é fruto da sua própria política desumana. Por favor, não venham fazer demagogia!"
Cláudio Faria Leite (Divinópolis, MG)

Vida e propriedade
"Uma advogada criminalista defende o direito de herança de Suzane Richthofen. O direito a herança e de propriedade é sagrado, mas receber herança por homicídio dos próprios pais é colocar a propriedade acima do direito à vida. Na sociedade democrática de direito, o indivíduo é ou tem sido o fim, e o Estado é ou tem sido o meio, como regra relativa, nunca absoluta, pois a vida não pode ser instrumento para objeto material, principalmente a vida alheia. Exemplo disso é o direito a seguros e à negativa à automutilação. E não se trata de ceifar a própria vida, muito pelo contrário. Que o direito civil seja independente do penal. Mas há limite para tudo. Assim, os fins justificariam sempre os meios. Os pais quase sempre perdoam os filhos. Dessa vez não há como mensurar essa possibilidade juridicamente. Aplicar a punição estritamente penal e relevar o aspecto civil é esquecer o bem maior tutelado pelo direito e sobretudo pelo Estado: a vida."
João Diogenes Caldas Salviano (Recife, PE)

Resultados do Enem
"A análise dos resultados do último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizada brilhantemente por Miguel Jorge e publicada em "Tendências/Debates" (pág. A3, 20/11), mostra claramente a necessidade que o novo governo tem de investir maciçamente na qualidade da educação se quiser alcançar algum sucesso em seus programas sociais. O ponto central de todos os grandes problemas se deve fundamentalmente aos baixos níveis de renda e de escolaridade da maior parte da população brasileira. Se não tivermos cidadãos minimamente educados, com boa formação desde a escola fundamental, não conseguiremos gerar o desenvolvimento de que o país precisa para resolver seus problemas econômicos e sociais."
Oscar Hipólito, pró-reitor acadêmico da Uniban -Universidade Bandeirante de São Paulo (São Paulo, SP)

Vontade de saber
"Eu gostaria de saber: se nós produzimos 80% do petróleo consumido e ainda temos a alternativa do álcool, por que somos tão vulneráveis às oscilações externas? O açúcar deveria ter uma cota para exportação e outra para o consumo interno com preço compatível com o nosso poder aquisitivo."
Amado Figueiredo Tanure (Belo Horizonte, MG)

Salário justo
"A ausência de uma consciência por uma remuneração justa está presente em uma parte significativa da população e isso não exclui os membros do PT. Em nota no "Painel do Leitor" (21/11), Gilberto Maringoni de Oliveira declara que receberá líquidos R$ 7 mil por ter organizado a mostra sobre a Revolução Russa e que necessitou de três meses para desenvolver o trabalho. Ou seja, será remunerado por algo em torno de R$ 2,3 mil por mês trabalhado. Se fizermos um exercício rápido de cálculo, poderemos pensar o seguinte: a prefeita de Campinas é remunerada para um trabalho de extrema responsabilidade por um valor mensal em torno de R$ 7 mil e trabalha no mínimo oito horas ao dia. Isso nos levaria a crer que, se utilizássemos como referência o salário da prefeita para identificar o número de horas de dedicação diárias para Oliveira organizar a referida mostra, chegaríamos a pelo menos duas horas e meia. O que eu, como cidadã que paga os impostos que remuneram os serviços públicos, gostaria de saber é: como ele consegue se desdobrar de tal maneira e assim receber pelo trabalho de assessoria ao deputado Luciano Zica e por outros afazeres como a questão levantada no momento? A resposta para isso é muito simples: na verdade, nós cidadãos remuneramos duplamente muita gente nesse país, o que significa que o indivíduo faz outras tarefas no mesmo momento em que ele já está sendo remunerado para desempenhar uma determinada função. Dessa forma a conta não fecha."
Adriana Franco Bueno Braga (Campinas, SP)

Petróleo
"O acidente com o petroleiro perto da costa da Espanha me fez refletir: se o acidente fosse com um cargueiro de álcool, o problema seria maior ou menor?"
Cassiano da Silva França Coelho (Lins, SP)

Rush
"Em relação ao texto "Show do Rush é chance para fãs saírem do armário" (Ilustrada, pág. E10, 18/11), vejo que a maioria dos críticos musicais da Folha (e dos outros jornais também) odeia rock progressivo. Os críticos musicais têm até vergonha de escrever sobre rock progressivo. A Ilustrada passou a "missão" para o editor-asistente de Ciência. O problema é que ele também odeia rock progressivo -um trecho do texto: "Solos intermináveis", "virtuosismo pedante". Em nome das milhares de pessoas que lotaram o estádio do Morumbi para assistir ao show do Rush, peço apenas a publicação de pelo menos um trecho dessa minha bronca no "Painel do Leitor"."
Jeferson Araújo Pereira (São Paulo, SP)


Texto Anterior: Arnaldo Niskier: O guerreiro da luz

Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.