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FERNANDO RODRIGUES
O atraso do Estado brasileiro
BRASÍLIA - Até o mês passado, foram expulsos neste ano 404 funcionários públicos federais. Entre outras razões, perderam o emprego
por acusação de corrupção, abandono do cargo ou desídia.
De acordo com o Ministério do
Planejamento, o Brasil tem hoje
acima de meio milhão de funcionários públicos. O número exato é
536.321. Ou seja, só 0,075% desses
servidores foram afastados da função. Para piorar, cerca de 10% dos
que perdem a cadeira acabam voltando depois de ir à Justiça.
Quem já teve algum contato com
repartições oficiais ou precisou recorrer ao governo talvez considere
ruins essas cifras. Quando se avalia
a qualidade do serviço público no
Brasil, parece um despautério que
tenham sido afastados neste ano
apenas 0,075% dos funcionários da
administração federal.
Essa é a parte do copo meio vazia. Há uma sensação geral (verdadeira) da incapacidade gerencial
do Estado brasileiro. O outro lado
da moeda é estar sendo possível,
pelo menos, mensurar desmandos
antes mantidos quase secretos.
Em 1996, graças ao então ministro da Administração Federal e Reforma do Estado, Luiz Carlos Bresser Pereira, o Brasil passou a ter um
boletim mensal com o número total
de funcionários públicos. Antes,
não havia controle rígido e centralizado a respeito.
Em 2001, Fernando Henrique
Cardoso criou o que hoje é conhecido como Controladoria-Geral da
União. Dois anos depois, em 2003,
a CGU passou a contabilizar os casos de expulsão de servidores. Sem
as iniciativas adotadas nos governos FHC e Lula, não haveria como
redigir esta coluna. As estatísticas
simplesmente não existiriam.
Agora, vem o difícil. O Estado está razoavelmente aparelhado para
diagnosticar suas mazelas. A tarefa
de Dilma Rousseff será mais complexa do que a de seus antecessores. Já não basta só apontar os erros. Terá de melhorar de maneira
convincente a gestão pública.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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