São Paulo, quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TENDÊNCIAS/DEBATES

PPP para a educação pública

JAIR RIBEIRO


Com o programa Parceiros, os empresários dispõem de mecanismo eficiente para contribuir para a solução do problema da educação

ENQUANTO A imprensa internacional, o governo e os empresários promovem o Brasil como a nova potência econômica mundial, é difícil crer na sustentabilidade do nosso crescimento.
Os fundamentos dessa propalada prosperidade se amparam em pés de barro. Como pretendemos estar ao lado das nações desenvolvidas, ou mesmo da China e da Índia, quando 40% dos jovens de 16 anos não cumpriram os nove anos do ensino fundamental e 74% da população brasileira não entende um texto simples?
É fato que temos um enorme deficit educacional. Aliás, tornou-se um clichê dizer que o maior desafio brasileiro é a educação. Novas iniciativas dos governos federal e estaduais caminham na direção correta, mas sempre encontram obstáculos político-partidários, orçamentários ou mesmo corporativos para efetivamente promover uma verdadeira revolução na questão da educação pública. Em países onde o problema da educação foi solucionado, houve uma ampla e efetiva mobilização da sociedade.
A pergunta é: o que você faz para contribuir para a solução desse problema? Se a educação é o maior desafio que o Brasil enfrenta, não podemos, como sociedade civil, simplesmente delegar a questão ao Estado e esperar dele solução, considerando suas conhecidas limitações de agilidade, gestão e restrições político-partidárias. É preciso se envolver!
A Associação Parceiros da Educação se apresenta como uma excelente solução. Trata-se de um programa que promove parcerias empresa-escola pública inspirado em um projeto conduzido pela Porto Seguro na favela de Paraisópolis, em São Paulo, há mais de 15 anos.
A Parceiros conta hoje com mais de 80 escolas, atendendo aproximadamente 80 mil crianças em parceria com mais de 60 empresários (em geral de porte médio). Em algumas escolas, as parcerias obtiveram melhorias no desempenho escolar superiores a 30%. Em todas, verificou-se melhoras no aproveitamento dos alunos, bem como redução da evasão escolar e na rotatividade dos professores.
O conceito é que cada empresa ou empresário "adote" uma escola pública, auxiliando-a em quatro vetores básicos: capacitação pedagógica, gestão, infraestrutura e inserção da comunidade na escola.
O processo se inicia com a elaboração de um diagnóstico das necessidades da escola. Em seguida, identifica-se um empresário para celebrar a parceria com a escola. O modelo é um empresário para cada escola (apesar de alguns terem mais de uma). Como cada unidade tem as suas necessidades específicas, a direção da escola e o empresário-parceiro (este com a ajuda e o monitoramento da Parceiros) desenvolvem um plano anual de ação para a escola, em linha com as metas estabelecidas pela Secretaria da Educação, e acompanham a sua execução.
Para cada parceria, a associação seleciona e capacita um facilitador, que faz o meio-campo entre o empresário e a escola. Esse profissional, experiente em questões pedagógicas, é formado continuamente e monitorado pela associação.
As parcerias promovem várias ações nas escolas, como capacitação pedagógica dos professores e coordenadores, reforço na alfabetização dos alunos, manutenção dos laboratórios de informática e de leitura, programas de integração escola-comunidade, além de reformas na área física.
Sempre em linha com a direção da escola e a Secretaria da Educação e voltadas para o aproveitamento escolar do aluno.
Em todos os investimentos realizados são definidas contrapartidas da escola, de seus professores ou alunos -para que não se confunda a atuação com o puro assistencialismo, mas se estabeleça como uma conquista da escola. A cada ano, o desempenho dos alunos é medido por meio de avaliações externas independentes, e um novo plano de ação é desenvolvido com a direção da escola.
A ideia consiste em potencializar o investimento público, transformando uma unidade da rede pública de baixo rendimento em uma escola mais eficiente em termos de qualidade de ensino.
Com o programa Parceiros, os empresários, na condição de gestores e líderes, passam a dispor de um mecanismo eficiente para contribuir para a solução do problema da educação pública, somando às políticas do Estado.
A associação conta com mais de cem escolas públicas já diagnosticadas, aguardando empresários que queiram aderir ao programa. Participe!


JAIR RIBEIRO é presidente do Comitê Executivo do Conselho de Administração da CPM Braxis, sócio-fundador da Casa do Saber, e, com Ana Diniz, coordenador da Associação Parceiros da Educação.

www.parceirosdaeducacao.org.br

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br


Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES
Roberto Muylaert: Vale-cultura, na mão do trabalhador

Próximo Texto: Painel do Leitor
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.