São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 2005

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PAINEL DO LEITOR

Cartões
"Em relação ao texto "Presidência eleva gastos com saques em dinheiro no cartão" (Brasil, 23/1), é necessário reiterar que o Tribunal de Contas da União não encontrou malversação, dolo ou má-fé no uso dos cartões. Há recomendações do TCU para a ampliação das normas para o uso dos cartões, o que está sendo feito pela Secretaria do Tesouro Nacional e pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que, aliás, prepara também norma para o uso intensivo dos cartões em todos os órgãos do governo federal, dada a confiabilidade, o controle e a transparência desse sistema de pagamento, que foi instituído em 2002, com utilização parcial apenas a partir de agosto daquele ano. Portanto é errado comparar os valores de 2002 com os de 2003 e de 2004, sendo ainda que, desde agosto de 2003, o suprimento de fundos é feito 100% por esse meio de pagamento. Em 31 de dezembro de 2004, havia 41 cartões ativos -os 48 mencionados pela Folha incluem também os inativos. Também não é correto afirmar que a Secretaria de Administração da PR não reproduziu integralmente as considerações do TCU, trecho em que a reportagem omite que o documento daquele tribunal foi enviado à Folha na íntegra, acompanhando as respostas aos questionamentos feitos pelo jornal. O título "Transparência Zero", do quadro que acompanha o texto em questão, também contradiz o documento do TCU examinado pela reportagem. Foi exatamente em virtude da transparência que a assessoria técnica da oposição pôde acessar os dados que subsidiaram a reportagem da Folha."
Telma Feher, assessoria especial da Casa Civil da Presidência da República (Brasília, DF)

Resposta da jornalista Marta Salomon
- Os argumentos da Presidência -"questões de segurança"- para omitir o destino do dinheiro público sacado com cartões corporativos foram reproduzidos. A Presidência não considerou em sua defesa as recomendações do TCU de que saques em dinheiro com cartões tiravam a transparência dos gastos públicos e deveriam ocorrer de forma excepcional.

São Francisco
"Se é para conjeturar ou imaginar que a transposição do São Francisco irá alimentar a "indústria da seca" e/ou "políticos inescrupulosos", então poderíamos pensar que jamais seriam feitas pequenas ou grandes obras para o desenvolvimento do nosso querido Brasil, pois a formação cultural da humanidade, desde o principio da civilização, sempre foi cheia de atos de corrupção. A execução da obra trará ainda empregos e renda para 200 mil pessoas e irrigará 50 mil hectares, evitando assim o êxodo rural e levando o desenvolvimento auto-sustentável a essas regiões."
Pedro Severino de Sousa (João Pessoa, PB)
 

"A Folha está de parabéns por estimular reflexões sobre a real necessidade da transposição das águas do rio São Francisco. Marta Salomon escreveu um interessante texto em 22/1 (Opinião, pág. A2) sobre o assunto. O professor Celso Furtado, no ano de 1998, em entrevista que foi publicada em "Seca e Poder", da editora Fundação Perseu Abramo, fez algumas considerações importantes sobre a seca no Nordeste, a estrutura social da região e a transposição do rio São Francisco. Uma das questões que Furtado ressaltou foi o risco do processo de salinização da terra, a "criação de desertos". Diz ele que, na época da Sudene, havia uma regra que dizia: "O dinheiro posto pelo governo na irrigação tem de ser de interesse social, não é para reforçar o que existe como estrutura agrária". Sobre a grande represa de Orós, no Ceará, disse : "A água que chega ao mar é muita, e há muita água subutilizada. Construiu-se a represa de Orós, uma massa de água que poucas zonas semi-áridas do mundo têm. E para quê? O aproveitamento real é muito pequeno". Portanto, fica a pergunta: qual é o real projeto do presidente Lula?"
Felipe Luiz Gomes e Silva (São Carlos, SP)

Escolas
"Peço que promovam a correção, sempre defendida por este jornal, de título de texto publicado no alto de página do caderno Cotidiano de 22/1 ("Sem verbas, prefeitura vai atrasar a eliminação das escolas de lata'). O título não condiz com o texto nem com as informações que foram oferecidas. A execução orçamentária de 2005 teve início há três dias. Há verbas, e esta secretaria já está promovendo o empenho dessas verbas para a continuidade das obras. As obras estão paradas, como a reportagem demonstrou, e, o que é mais grave, da grande maioria dos contratos assinados em agosto de 2004, com 180 dias para a execução, foi paga apenas uma parcela. O título correto seria "Sem verbas, prefeitura atrasou a eliminação das escolas de lata". Desculpem-me, é apenas um tempo de verbo, mas é essencial."
José Aristodemo Pinotti, secretário municipal de Educação (São Paulo, SP)

MST
"Pelo menos desde a "Ilíada" é conhecida a tática de tomar a voz do outro a fim de suprimi-la. O articulista Xico Graziano ("Escola da ilusão perdida", Brasil, 23/1) mostra que conhece a tradição ao querer que acreditemos no seu desejo de que a esquerda se desenvolva, bem como que Florestan Fernandes tenha sido um Platão da sociologia a divagar no plano das idéias. Gostaria de dizer ao caro articulista que ele deve falar pela direita e deixar a esquerda conosco. No entanto compreendo a preocupação do colega. Pelo que se viu na inauguração da Escola Nacional Florestan Fernandes, a direita vai ter mesmo de se mexer, porque, como dizem os jovens da periferia urbana com sua fala poética envenenada, a chapa vai esquentar."
Marcelo Silva Souza (São Paulo, SP)
 

"Não me causam surpresa as informações contidas no texto "Escola da ilusão perdida". O MST, assim como o PT, nasceu para vandalizar, para implantar o ódio, para transgredir as leis vigentes, para ameaçar, para ridicularizar as instituições legalmente constituídas e para promover o vandalismo. Urge, pois, que ações enérgicas sejam tomadas para dar fim a esse imoral movimento, cujo comportamento dúbio e sorrateiro compromete e fragiliza o nosso regime democrático, hoje tão combalido e inerme."
Moacyr Rodrigues Nogueira (Salvador, BA)
 

"Com a publicação dos textos de Antonio Candido (21/1) e de Xico Graziano (23/1), a Folha possibilita o confronto entre duas visões sobre o sentido da educação dos camponeses. Pena que Graziano construa seus argumentos sobre premissas falsas. Diz que toda escola é bem-vinda, menos a Escola Florestan Fernandes. Por quê? Porque, além de técnicas agrícolas, ela ousa possibilitar aos excluídos, sem acesso à educação formal, conhecimento e reflexões que se contraponham aos valores das elites. Depois, acusa o MST de lidar com idéias antigas. Decerto, para ele, moderno é a mecanização das sesmarias, que expulsa gente do campo para inchar os centros urbanos, num círculo vicioso que mantém o ex-trabalhador rural agora como um sem-teto, subalternizado como sempre. Para Graziano, parece que o tal "sistema de planejamento centralizado" vale apenas para o agrobusiness. Lamentavelmente, suas palavras acabam coincidindo com as do presidente da UDR na mesma Folha (21/1). De nossa parte, ficamos com o mestre Antonio Candido, para quem o MST e sua escola recém-inaugurada, ao dar voz e vez aos trabalhadores da terra, são um "sinal de amadurecimento da sociedade" brasileira.
Marcia Camargos, historiadora, e Laurez Cerqueira e Vladimir Sacchetta, ex-assessores parlamentares de Florestan Fernandes (São Paulo, SP)

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