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Um ano depois
DOZE MESES após o escândalo de abusos cometidos
com os cartões corporativos, ainda resta muito a fazer para a moralização nos gastos governamentais com esse instrumento. Como esta Folha noticiou, o meio de pagamento ainda
é utilizado para compras não-emergenciais, alheias ao caráter
de excepcionalidade que deveria
reger sua utilização.
Dados do Portal da Transparência revelam que os cartões
bancaram, por exemplo, refeições em restaurantes de alto padrão e gastos em uma loja de time de futebol. Também registram aluguéis em sequência de
carros, o que deve ser feito por licitação. Essa foi, vale lembrar,
uma das razões que levaram à
queda da então ministra Matilde
Ribeiro (Igualdade Racial).
São constatações que reforçam a imagem de descontrole
sobre essas despesas. Por outro
lado, não desautorizam o uso dos
cartões. Ao contrário, demonstram que eles permitem maior
transparência.
Mesmo com o resultado frustrante da CPI mista dos Cartões
no Congresso -que se perdeu
em guerras de dossiês sobre despesas efetuadas nos governos
Lula e FHC-, houve maior disciplina. O governo limitou os saques em dinheiro, modalidade
mais suscetível a fraudes.
Com isso, a expansão acelerada desse instrumento foi interrompida. Segundo dados do Portal da Transparência, o volume
cresceu de R$ 3 milhões anuais,
em 2002, até atingir a cifra anual
de R$ 76,2 milhões, em 2007.
Em 2008, declinou para R$ 55,2
milhões -queda de 27% em relação ao ano anterior.
Espera-se que essa diminuição
não seja resultado da migração
para formas oblíquas de pagamento. De todo modo, a notícia
de que persistem irregularidades mostra que o controle -a
cargo da Controladoria Geral da
União (CGU)- ainda deixa muito a desejar.
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