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EMÍLIO ODEBRECHT
Valorizemos as soluções
O ANO DE 2009 começou e
quero crer que não será tão
ruim como dizem. Dificuldades teremos, mas serão tantas e
tão terríveis como anunciam as
manchetes?
O governo está tentando fazer a
sua parte e deu um bom exemplo
ao reduzir impostos sobre a produção industrial, no caso, o IPI dos
automóveis.
Liberou recursos para estimular
as exportações; adicionou mais dinheiro ao crédito rural, e a Caixa
Econômica Federal acaba de disponibilizar R$ 3 bilhões para financiamento habitacional.
Mas o consumo continua caindo,
as demissões prosseguem e muitas
fábricas estão parando.
Ocorre que, desde fins de setembro do ano passado, o brasileiro se
vê bombardeado, de forma incessante, por más notícias sobre a economia.
A imprensa tem fustigado os cidadãos com uma visão amarga do
estado de coisas aqui e no exterior.
Sei avaliar o tamanho do problema, mas não deixa de ser um caso
clássico de profecia que se autocumpre: assustadas com rumores
de quebradeira, desemprego e outros males, as pessoas param de investir e de comprar, preparando-se
para o pior. Sem crescer e sem vender, as empresas -aí sim- correm
o risco de falir. Como reagem? Demitem, para cortar custos, o que
por sua vez deprime ainda mais o
consumo. O círculo da recessão se
instala.
Por culpa do noticiário? É óbvio
que não. Mas o mundo não vai acabar. A situação é grave? Sem dúvida. Mas estamos preparados para
vencer mais este momento difícil.
Por outro lado, se o país continua
funcionando e as empresas produzindo -embora menos- é porque
alguém está conseguindo transformar os problemas em oportunidades -reinventando seus negócios,
investindo em reengenharia, racionalizando processos, reduzindo o
desperdício, enfim, usando a criatividade para sobreviver, agora, e
crescer em seguida.
Isso significa que há entre nós
empresários, educadores, governantes, trabalhadores com ideias
inovadoras para compartilhar.
Mas não os vemos.
Não estaria a imprensa brasileira
perdendo a chance de revelar não
apenas os problemas, mas também
as soluções que fazem diferença
em momentos como este? Porque
elas existem. É preciso valorizá-las.
Não se está aqui pedindo à imprensa para que deixe de cumprir
seu papel de informar. A saúde de
nossa democracia depende da liberdade que meios de comunicação precisam ter para reportar os
fatos, sob todos os aspectos. O que
se espera é que também pelo relato
dos bons exemplos motivem, estimulem, induzam quem acredita no
Brasil a buscar os caminhos que levem ao futuro que desejamos.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve nesta coluna aos domingos.
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