São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2001

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ELIANE CANTANHÊDE

Hora da faxina

BRASÍLIA - O rompimento entre FHC e ACM já foi até tarde, passou dos limites, mas aconteceu no melhor momento para FHC e no pior para ACM. FHC está pronto para tentar reequilibrar a base aliada e melhorar a imagem do governo. ACM nunca esteve tão fraco e isolado.
É hora, portanto, de uma boa reforma ministerial que tire esse cheiro de podre que contamina o ar desde as eleições na Câmara e no Senado, com a troca de adjetivos e substantivos entre ACM e Jader Barbalho.
Sem ACM no centro de tudo, o eixo dessa reforma inadiável parece natural. FHC precisa dar um cutucão no PMDB, que está muito assanhado, e fazer um gesto de reconhecimento para o "PFL do B" (de Bornhausen), que está se sentindo humilhado.
Para isso, o presidente conta com apoio do PSDB. Depois da bem-sucedida aliança com o PMDB para eleger Aécio Neves na Câmara e Jader no Senado, os tucanos começam subitamente a lembrar de um detalhe quase esquecido nessa labuta diária da política: a origem do PSDB.
Os tucanos criaram o partido em 1988 para ficar bem longe de Orestes Quércia, considerado um símbolo da degeneração do PMDB. Hoje, eles não estão só ao lado de Quércia, mas grudados em Jader Barbalho, Geddel Vieira Lima, Newtão Cardoso. Não são símbolos muito melhores.
Passadas as eleições congressuais, é preciso um freio de arrumação. Isso vale para FHC e também para os tucanos. Tanto ele quanto eles têm repetidamente elogiado os pefelistas Bornhausen, Marco Maciel e José Jorge como companhias bem melhores e mais saudáveis do que boa parte dos caciques peemedebistas.
Conclusão: é hora e vez do "PFL do B", que deve ficar com os dois ministérios retirados de ACM. E a bola da vez é o PMDB, que não perde por esperar. Além da intervenção no DNER e na Sudam, deve vir mais chumbo e menos ministério por aí.
Ah. Faltou uma coisinha rápida: Tasso Jereissati, que está muito próximo de ACM, anda precisando urgentemente trocar de padrinho.


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