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RUY CASTRO
Salvar Petrópolis
RIO DE JANEIRO - Petrópolis, a
única cidade imperial das Américas, pede socorro. O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) aprovou dois projetos imobiliários em seu centro histórico, ameaçando desfigurar uma
cidade que só tem uma coisa para
vender: o passado.
O primeiro é a construção de um
supermercado num terreno ao lado
da catedral de São Pedro de Alcântara, numa região quase toda tombada, a poucos metros da Casa da
Princesa Isabel. O segundo é transformar em centro comercial o prédio igualmente tombado da antiga
fábrica de tecidos, também São Pedro de Alcântara, na rua Washington Luiz, convertendo inclusive
uma passagem no seu interior em
rua para circulação de carros.
Os institutos de preservação da
cidade, as associações de moradores, os políticos, advogados, padres
e, pelo visto, o povo de Petrópolis,
estão contra esses projetos. A favor,
os empresários destinados a lucrar
com eles e, para perplexidade geral,
o Iphan. Teme-se que, aberto o precedente, o órgão encarregado de
proteger o patrimônio autorize a
instalação de fast foods, camelódromos e borracharias às portas do Palácio Imperial.
A serrana Petrópolis, fundada
por dom Pedro 2º em 1843, era o refúgio da família imperial no verão,
escapando ao calor do Rio. No rastro do imperador, subiam a nobreza, o corpo diplomático, os políticos, os empresários e o "beautiful
people" do século 19. Durante cinco
meses por ano, tornava-se uma cidade chique e poderosa, em que os
negócios eram fechados nas festas e
reuniões mais elegantes.
Com a República, em 1889, os
presidentes conservaram a tradição e seguiram subindo a serra.
Mas, a partir de JK, o governo se
mudou para Brasília e deixou toda
elegância para trás. Cinqüenta anos
depois, é preciso salvar Petrópolis.
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