São Paulo, segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

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RUY CASTRO

Salvar Petrópolis

RIO DE JANEIRO - Petrópolis, a única cidade imperial das Américas, pede socorro. O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) aprovou dois projetos imobiliários em seu centro histórico, ameaçando desfigurar uma cidade que só tem uma coisa para vender: o passado.
O primeiro é a construção de um supermercado num terreno ao lado da catedral de São Pedro de Alcântara, numa região quase toda tombada, a poucos metros da Casa da Princesa Isabel. O segundo é transformar em centro comercial o prédio igualmente tombado da antiga fábrica de tecidos, também São Pedro de Alcântara, na rua Washington Luiz, convertendo inclusive uma passagem no seu interior em rua para circulação de carros.
Os institutos de preservação da cidade, as associações de moradores, os políticos, advogados, padres e, pelo visto, o povo de Petrópolis, estão contra esses projetos. A favor, os empresários destinados a lucrar com eles e, para perplexidade geral, o Iphan. Teme-se que, aberto o precedente, o órgão encarregado de proteger o patrimônio autorize a instalação de fast foods, camelódromos e borracharias às portas do Palácio Imperial.
A serrana Petrópolis, fundada por dom Pedro 2º em 1843, era o refúgio da família imperial no verão, escapando ao calor do Rio. No rastro do imperador, subiam a nobreza, o corpo diplomático, os políticos, os empresários e o "beautiful people" do século 19. Durante cinco meses por ano, tornava-se uma cidade chique e poderosa, em que os negócios eram fechados nas festas e reuniões mais elegantes.
Com a República, em 1889, os presidentes conservaram a tradição e seguiram subindo a serra. Mas, a partir de JK, o governo se mudou para Brasília e deixou toda elegância para trás. Cinqüenta anos depois, é preciso salvar Petrópolis.


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