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KENNETH MAXWELL
Os chiliques de Gordon Brown
PELAS NORMAS parlamentares britânicas, a próxima eleição geral do Reino Unido precisa ser realizada no máximo até 3
de junho. A data exata é escolhida
pelo primeiro-ministro. Agora só
restam cem dias de prazo.
E após um longo declínio, as
perspectivas de Gordon Brown pareciam estar melhorando. Depois
de meses de grande desvantagem
em relação ao Partido Conservador, os trabalhistas, de acordo com
a pesquisa desta semana do "YouGov", tinham menos de seis pontos
percentuais de desvantagem. Tentando aproveitar a virada favorável
ao seu partido, o primeiro-ministro procurou projetar uma imagem
mais suave ao discutir as alegrias e
tragédias de sua vida e verteu lágrimas abertamente em uma entrevista na TV ao falar da morte de sua
filha, ainda bebê, em 2002.
Mas as boas notícias duraram
pouco. No domingo, o jornal londrino "Observer" publicou um excerto longo e devastador de um novo livro sobre o mandato de Brown
como primeiro-ministro, desde
que ele substituiu Tony Blair, em
junho de 2007. Escrito pelo principal comentarista político da publicação, Andrew Rawnsley, "The
End of the Party" retrata um Gordon Brown "instável, sofrido e sob
cerco em seu esforço por se adaptar ao posto de primeiro-ministro".
Seus colegas de gabinete se
apressaram em defendê-lo e descartaram como "malévolas" e "infundadas" as alegações do livro.
Mas Christine Pratt, que criou o
"National Bullying Helpline", um
serviço de assistência telefônica a
vítimas de intimidação, confirmou
ter recebido queixas de funcionários da equipe do primeiro-ministro. Ela foi imediatamente atacada
por partidários de Brown por sua
violação de confidencialidade.
Rawnsley oferece numerosos
detalhes sobre os momentos sombrios, os acessos de ira e as exibições de rudeza, e até de brutalidade, de Brown para com seus assessores. E também faz muito ao explicar o papel crucial assumido por
lorde Mandelson, secretário da Indústria e Comércio -no passado,
um dos mais perigosos e ferozes
críticos de Brown, mas hoje seu
principal defensor.
Que o primeiro-ministro britânico tem um problema de relações
públicas não é novidade. "O temperamento ocasionalmente vulcânico de Gordon Brown dificilmente
poderia ser considerado como um
segredo de Estado" é a formulação
oferecida por um correspondente
da rede de TV BBC. Mas as novas
críticas abriram linhas de ataque
aos seus oponentes políticos.
O líder conservador, David
Cameron, exigiu um inquérito;
Nick Clegg, líder dos liberais democratas, fez o mesmo. Ambos
tentarão aproveitar as revelações
no período que antecede a eleição
geral britânica.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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