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FERNANDO RODRIGUES
PSDB tenta mimetizar o PFL
BRASÍLIA - Em maio de 1997, quando se tornou público que a emenda da reeleição tinha sido em parte
aprovada com votos comprados por
R$ 200 mil, em dinheiro, a direção do
PFL fez uma de suas indefectíveis
reuniões.
O deputado Luiz Eduardo Magalhães ainda era vivo. Na reunião, fez
uma pergunta constrangedora: "Alguém aqui tem dúvidas de que o Ronivon Santiago e o João Maia fizeram isso mesmo?". Não, ninguém tinha dúvida.
Os dois deputados acreanos foram
imediatamente expulsos do PFL. Em
seguida, renunciaram a seus mandatos. O PMDB ganhou dois ministérios. Nada foi apurado. FHC reelegeu-se. E o resto é história.
Agora acontece algo semelhante
com o PSDB. Os tucanos ensaiaram
um comportamento no estilo do PFL.
A seção paulista pediu investigação.
A bancada federal exigiu o afastamento de José Roberto Arruda, o Raskolnikov brasileiro, saído diretamente de uma versão candanga de "Crime e Castigo" (no romance de Dostoiévski, o protagonista confessa o
crime e vai parar na Sibéria).
O PSDB tentou mimetizar o PFL.
Não teve sucesso. Ao desligar-se espontaneamente da sigla, até José Roberto Arruda conseguiu ser mais rápido, ou descer do muro mais celeremente, do que a direção nacional tucana. E os tucanos ficaram apenas na
vontade, no desejo. Punir não é mesmo com eles.
Quem sabe, aos poucos, o PSDB
ainda consiga agir como o PFL. Afinal, já tem um dos seus principais
(ex) quadros ameaçados de cassação.
E foi o PFL a sigla preponderante em
todo o reinado de FHC.
Aos que adoram e amam Brasília, eis
um fato terrível.
Dos três senadores candangos, um
(Luiz Estevão) foi cassado, outro (Arruda) está com um pé fora da Casa e o terceiro (Lauro Campos) saiu do PT por
achar o partido light demais.
Brasília é a cidade dos extremos.
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