São Paulo, quarta-feira, 25 de abril de 2001

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FERNANDO RODRIGUES

PSDB tenta mimetizar o PFL

BRASÍLIA - Em maio de 1997, quando se tornou público que a emenda da reeleição tinha sido em parte aprovada com votos comprados por R$ 200 mil, em dinheiro, a direção do PFL fez uma de suas indefectíveis reuniões.
O deputado Luiz Eduardo Magalhães ainda era vivo. Na reunião, fez uma pergunta constrangedora: "Alguém aqui tem dúvidas de que o Ronivon Santiago e o João Maia fizeram isso mesmo?". Não, ninguém tinha dúvida.
Os dois deputados acreanos foram imediatamente expulsos do PFL. Em seguida, renunciaram a seus mandatos. O PMDB ganhou dois ministérios. Nada foi apurado. FHC reelegeu-se. E o resto é história.
Agora acontece algo semelhante com o PSDB. Os tucanos ensaiaram um comportamento no estilo do PFL. A seção paulista pediu investigação. A bancada federal exigiu o afastamento de José Roberto Arruda, o Raskolnikov brasileiro, saído diretamente de uma versão candanga de "Crime e Castigo" (no romance de Dostoiévski, o protagonista confessa o crime e vai parar na Sibéria).
O PSDB tentou mimetizar o PFL. Não teve sucesso. Ao desligar-se espontaneamente da sigla, até José Roberto Arruda conseguiu ser mais rápido, ou descer do muro mais celeremente, do que a direção nacional tucana. E os tucanos ficaram apenas na vontade, no desejo. Punir não é mesmo com eles.
Quem sabe, aos poucos, o PSDB ainda consiga agir como o PFL. Afinal, já tem um dos seus principais (ex) quadros ameaçados de cassação. E foi o PFL a sigla preponderante em todo o reinado de FHC.

Aos que adoram e amam Brasília, eis um fato terrível.
Dos três senadores candangos, um (Luiz Estevão) foi cassado, outro (Arruda) está com um pé fora da Casa e o terceiro (Lauro Campos) saiu do PT por achar o partido light demais.
Brasília é a cidade dos extremos.


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