São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 2005

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CLÓVIS ROSSI

Saudades do Stanislaw

SÃO PAULO - Já que o ministro Aldo Rebelo fez um "revival" de 1954, falando em "golpismo", embarco na onda saudosista para dizer quanta falta faz Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta, autor do Febeapá, ou Festival de Besteiras que Assola o País.
Se vivo fosse, Stanislaw teria hoje material para uns 500 festivais por dia tal o nível de besteiras que caracteriza a política brasileira.
O próprio Aldo estaria no Febeapá com a sua alusão ao golpismo. O ministro sabe que, em 1954, havia golpismo porque direita e esquerda disputavam o poder. Hoje, deveria saber que não há disputa entre esquerda e direita porque não há mais esquerda, a não ser residual, e até um comunista como Aldo está no poder, ajudando o governo mais conservador desde a redemocratização do país.
Para que a direita seria golpista se os lucros que auferem os bancos, suspeitos óbvios de financiar golpes, são os maiores da história?
Para o Febeapá, contribuiu, no detalhe, o deputado Fernando Ferro (PT-PE), segundo o "Painel" desta Folha. Em vez de negar que o governo seja um "peru bêbado", conforme disse Fernando Henrique Cardoso, Ferro preocupou-se apenas em "esclarecer" que peru bêbado é o de Natal, não o do Carnaval. Agradecemos a aula, mas não seria mais importante demonstrar que o governo não é "peru bêbado" nem no Natal, nem no Carnaval, nem nas festas juninas?
O principal partido de oposição, o PSDB, também forneceu sua contribuição para o Febeapá-2005 com o slogan para a pré-campanha presidencial de Geraldo Alckmin: "O Brasil precisa de um gerente: Geraldo presidente".
Não, o Brasil não precisa de um gerente. Precisa de um presidente, de um estadista, não de um burocrata incapaz de ter uma idéia, uma só idéia que seja, diferente das óbvias, que, até agora, só o condenaram ao subdesenvolvimento.
Volta, Stanislaw, volta.


@ - crossi@uol.com.br

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