São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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KENNETH MAXWELL

Pressões conflitantes

NESTA SEMANA , o Irã vem recebendo muita atenção da imprensa internacional.
Há muito em jogo no país, e não só o desfecho da intensa crise doméstica surgida após os resultados contestados da eleição presidencial.
Mas as disputas nas ruas de Teerã obscurecem outros desdobramentos não menos importantes para o futuro e muito mais próximos de nós. Eles envolvem as importantes medidas propostas pelo governo Obama a fim de conter os custos e expandir os serviços de saúde a todos os cidadãos norte-americanos, que continuam a pagar mais pela assistência médica e a receber menos benefícios do que qualquer outra sociedade do mundo desenvolvido.
Enfrentar as dificuldades práticas da crise envolve superar uma série cansativa de obstáculos, erigidos não só pelos médicos e administradoras de planos de saúde como por um público que continua a encarar com grande desconfiança o envolvimento do governo na gestão de serviços de saúde. Essas preocupações foram expressas de maneira dramática nas mais recentes pesquisas de opinião pública.
Embora a popularidade pessoal de Obama continue a ser extremamente elevada, como prova o índice de 63% de aprovação ao seu desempenho em pesquisa do "New York Times" e da rede de TV CBS, o apoio com que ele conta entre os republicanos caiu a 23%, ante 44% em fevereiro. O apoio às propostas de Obama para a saúde, ao pacote de resgate ao setor automobilístico e ao plano de fechamento da prisão na baía de Guantánamo, em Cuba, também são muito menores do que seu índice geral de aprovação.
O público está alarmado diante das centenas de bilhões de dólares despendidos em medidas de estímulo à economia, e a maioria dos entrevistados acredita que o foco do governo deveria, em lugar disso, estar na redução do déficit federal.
De fato, o peso dessas preocupações segundo pesquisa do "Wall Street Journal" e da rede de TV NBC representa a imagem invertida do índice de aprovação a Obama: 69% dos entrevistados estão "preocupados" ou "muito preocupados" com um envolvimento maior do governo na GM e na gestão da saúde. E 58% acreditam que manter o déficit baixo deveria ser "a maior preocupação para o governo e o Congresso".
A vantagem de Obama nessas duas pesquisas é que ninguém atribui a ele a culpa pelos déficits orçamentários. Na pesquisa do "Wall Street Journal"/NBC, 46% dos entrevistados acreditam que o maior responsável é o ex-presidente George W. Bush, e só 6% culpam Obama. "Suponho que poderíamos escolher a inação", disse Obama ao "Wall Street Journal". Mas, como resultado, "os problemas piorariam em vez de melhorar".


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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