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Apenas um "garotinho"
LUIZ CAVERSAN
Rio de Janeiro - Ao comentar a pesquisa do Datafolha que o incluía entre
possíveis sucessores de FHC em 2002, o
governador do Rio, em tom de blague,
fez o seguinte comentário: "E eu sou
apenas um garotinho...".
Aquela não foi a primeira vez em
que Anthony Garotinho (PDT) brincou com o nome "de guerra" (seu nome original é Anthony William Matheus de Oliveira) para assumir uma
posição, digamos, mais humilde num
quadro de disputa política.
Ele gosta de fazer isso, principalmente quando o assunto é candidatura à Presidência. Além de afirmar tratar-se de "um garotinho", o jovem governador (39 anos) insiste sempre que
precisa se concentrar no trabalho à
frente do Executivo do Rio, no qual
está há apenas seis meses e do qual
precisa extrair o máximo possível de
prestígio e confiança da população.
Os números indicam que está indo
bem: com a nota 7,6, ficou em primeiro lugar no ranking dos governadores
elaborado pela Folha e divulgado ontem.
Na pesquisa anterior, publicada no
último domingo e que media as intenções de voto para a sucessão presidencial, Garotinho aparecia com 3%. O
que poderia ser considerado muito
pouco, não fossem os demais "candidatos", todos à sua frente, tradicionais
personalidades da política nacional,
como Lula (o primeiro colocado), Ciro
Gomes, Itamar, Covas, Paulo Maluf e
ACM. Tirando os dois primeiros, Garotinho encontrava-se em patamar
muito próximo dos demais.
Mesmo diante daqueles números, o
governador insistiu que ainda é "muito cedo" para falar em eleição presidencial, que o quadro precisa se "depurar" e, principalmente, que ele tem
que conquistar a chancela dos seus governados para se lançar na disputa.
A se fiar nos números atuais, essa
chancela existe. Resta saber se ela se
manterá pelos três anos e meio que ele
ainda tem pela frente.
Detalhe: apesar dos méritos pessoais
de Garotinho, não se deve esquecer
que seu antecessor, Marcello Alencar,
deixou o governo do Rio com uma das
piores avaliações, chegando a ocupar
a última posição do ranking da Folha.
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