São Paulo, Sexta-feira, 25 de Junho de 1999
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Apenas um "garotinho"

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - Ao comentar a pesquisa do Datafolha que o incluía entre possíveis sucessores de FHC em 2002, o governador do Rio, em tom de blague, fez o seguinte comentário: "E eu sou apenas um garotinho...".
Aquela não foi a primeira vez em que Anthony Garotinho (PDT) brincou com o nome "de guerra" (seu nome original é Anthony William Matheus de Oliveira) para assumir uma posição, digamos, mais humilde num quadro de disputa política.
Ele gosta de fazer isso, principalmente quando o assunto é candidatura à Presidência. Além de afirmar tratar-se de "um garotinho", o jovem governador (39 anos) insiste sempre que precisa se concentrar no trabalho à frente do Executivo do Rio, no qual está há apenas seis meses e do qual precisa extrair o máximo possível de prestígio e confiança da população.
Os números indicam que está indo bem: com a nota 7,6, ficou em primeiro lugar no ranking dos governadores elaborado pela Folha e divulgado ontem.
Na pesquisa anterior, publicada no último domingo e que media as intenções de voto para a sucessão presidencial, Garotinho aparecia com 3%. O que poderia ser considerado muito pouco, não fossem os demais "candidatos", todos à sua frente, tradicionais personalidades da política nacional, como Lula (o primeiro colocado), Ciro Gomes, Itamar, Covas, Paulo Maluf e ACM. Tirando os dois primeiros, Garotinho encontrava-se em patamar muito próximo dos demais.
Mesmo diante daqueles números, o governador insistiu que ainda é "muito cedo" para falar em eleição presidencial, que o quadro precisa se "depurar" e, principalmente, que ele tem que conquistar a chancela dos seus governados para se lançar na disputa.
A se fiar nos números atuais, essa chancela existe. Resta saber se ela se manterá pelos três anos e meio que ele ainda tem pela frente.
Detalhe: apesar dos méritos pessoais de Garotinho, não se deve esquecer que seu antecessor, Marcello Alencar, deixou o governo do Rio com uma das piores avaliações, chegando a ocupar a última posição do ranking da Folha.


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