São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Público ou privado?
"Há poucos dias, em pronunciamento, o ministro José Dirceu disse que o governo não rouba. O tempo irá confirmar ou desdizer o ministro, mas, no tocante à ética, fica claro que o governo e o PT foram reprovados. Enquanto o governo nega R$ 15 a mais no salário mínimo, alegando falta de recursos, o Banco do Brasil compra ingressos de 70 mesas, a R$ 1.000 cada uma, para um show cuja renda total reverteu para o partido do governo adquirir uma nova sede em São Paulo. E aí o presidente vem falar que o brasileiro não tem auto-estima. Com o atual nível da saúde, da educação e da segurança pública e com um governo que torra nossos recursos, como é possível falar em auto-estima?"
Paulo Roberto Leme (São Paulo, SP)

 

"Beira o escárnio a notícia de que o Banco do Brasil comprou 70 mesas para funcionários e clientes especiais assistirem ao show da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, cuja renda foi doada ao PT para a compra de uma sede em São Paulo ("BB gasta em show do PT; PSDB propõe ação", Brasil, 23/7). O BB gastou R$ 70 mil de dinheiro público para beneficiar o PT, que, em última instância, é seu patrão e entidade privada. Zezé di Camargo e Luciano fizeram campanha para Lula, mas, na semana passada, depois que a imprensa denunciou a maracutaia, tiveram negada a solicitação de um patrocínio de R$ 5 milhões do mesmo BB. Ainda na semana que passou, tivemos a notícia de que Lula hospedou vários amiguinhos de seu filho no Palácio da Alvorada, como se aquele espaço fosse um hotel fazenda de sua propriedade, onde se "plantam estrelas" etc. Como se pode ver, a promiscuidade nessas relações já passou do limite."
Rodrigo Borges de Campos Netto (Brasília, DF)

Cesta básica e muda de roupa
"Parabenizo Clóvis Rossi pelo artigo "Seus problemas acabaram" (Opinião, pág. A2, 22/7). Foi uma brilhante fotografia da ciranda financeira internacional e nacional. Fiquei me perguntando qual é a carga máxima de impostos que eu posso pagar? A resposta é óbvia: tudo o que eu ganho! Aí terei então direito a uma cesta básica mensal e a uma muda de roupa anual. Isso se chama comunismo! Será esse o destino conduzido pelo partido socialista hoje em dia? É surpreendente a velocidade com que a historia se repete -hoje por outras vias. Ontem eram Stálin, Lênin, KGB. Agora são Bush, Lula, multinacionais. As antigas armas eram de fogo, agora são dívidas internas e externas. Haverá contra-revolução?"
Isaac Chazin (São Paulo, SP)

Súmula vinculante
"Concordo plenamente com o presidente da OAB-SP e seu artigo "Retrocesso" ("Tendências/Debates", 17/7). Nosso país, que já não cumpre a Constituição e fere vários de seus princípios fundamentais, irá se tornar ainda mais inconstitucional caso tal "droga seja injetada" em nossa Justiça. Aprovada a súmula vinculante, será desrespeitado o equilíbrio essencial dos três Poderes."
Michel dos Santos, estudante de direito na Universidade Estadual de Londrina (Londrina, PR)

Harry Potter capitalista
"Concordo totalmente com o artigo de Ilias Yocaris ("Harry no país do mercado triunfante", Ilustrada, 22/7). As crianças, ao aprenderem a ler, passam por uma lavagem cerebral capitalista para que cresçam satisfeitas com o mundo em que vivemos -que a cada dia se torna mais injusto. Um livro como "Harry Potter" unifica o pensamento e ideais de crianças do mundo inteiro e passa, por trás dessa "bela estória" de um mago adolescente, valores que ficam em seus inconscientes e que ditarão seus princípios para o resto da vida, perpetuando esse mundo de ganância e competitividade desenfreadas. Como professor, já tive a oportunidade de ver livros para a pré-escola em que os desenhos mostravam a busca de riqueza como a única forma de alcançar o amor da tão sonhada princesa."
Guilherme M. Brunharo (Barueri, SP)

Reizinhos prepotentes
"Como escritora de literatura infanto-juvenil, quero dizer que concordo totalmente com o presidente Lula quando ele diz que o Brasil não cultua os seus heróis. Penso nisso principalmente quando lembro que Monteiro Lobato quase não é lido em nossas escolas e quando vejo que a Rede Globo faz adaptação de sua obra na televisão colocando computador e aparelhos eletrodomésticos no Sítio do Pica-pau Amarelo, alçando nossas crianças à categoria de reizinhos prepotentes, que não conseguem conviver com a idéia de que outros tempos existiram, outras linguagens e outras brincadeiras também existem. Colocando nossas crianças como incapazes de conviver com a idéia do outro, da diversidade e da história da humanidade. Nossos professores supõem que nossas crianças não tenham o fôlego necessário para ler um "tijolo" como cada um dos livros de Lobato, mas se esquecem de que os livros são divididos em capítulos nomeados, com começo, meio e fim. Ou seja, vários livrinhos dentro de um só livro."
Sylvia Manzano (São Paulo, SP)

Instrumento de trabalho
"Considerando que a estatística seja a ciência da verdade, sugiro que o governo faça um levantamento sobre o número de assaltos, roubos e mortes alguns meses após todo esse programa de entrega de armas. Será que os bandidos vão entregar seus instrumentos de trabalho? O que falta no país são leis rígidas. O índice de criminalidade vai ficar igual, ou até aumentar, já que só os infratores terão armas."
Paulo Roberto Silva Marcondes Cesar (Pindamonhangaba, SP)

Estradas
"Não sou caminhoneiro, mas, com meu veículo de passeio, estou sempre utilizando as nossas estradas. Por isso parabenizo a categoria pelo movimento de protesto e paralisação prevista para este fim de semana em todo o país. Como o cidadão comum ainda não se encontra devidamente conscientizado para reivindicar seus direitos, é através de mobilizações de entidades organizadas, como essa dos caminhoneiros, que conseguiremos pressionar e sensibilizar as autoridades governamentais."
Guilherme Cardoso, integrante do Movimento Reage Cidadão (Belo Horizonte, MG)

Sem desistir
"Eu sou brasileiro e não desisto nunca!". Por isso quero receber imediata e integralmente o meu precatório. O processo foi iniciado há 30 longos anos e foi vencido em decisão final há quatro anos. Afinal, tenho ou não tenho direito ao que a Justiça decidiu e a lei me assegura (e o governador não cumpre)?"
Rosa Maria de Brito Fabri Mazza (Tanabi, SP)


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