|
Próximo Texto | Índice
PARCERIAS POLÊMICAS
Acirrados pela disputa eleitoral, os debates no Senado em
torno do projeto das Parcerias Público Privadas (PPPs) vão chegando ao
paroxismo. No papel de porta-voz da
oposição à proposta, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou que,
tal como formulada, a medida favoreceria a "roubalheira" e criaria um
ambiente propício para Delúbio Soares, tesoureiro do PT e da campanha
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, arrecadar recursos para o partido
governista. O PT reagiu, solicitando,
por intermédio do Supremo Tribunal Federal, que o senador Jereissati
confirmasse as declarações.
Por trás do tom agressivo do parlamentar do PSDB há preocupações
pertinentes. De fato, é desejável que o
projeto imponha limites ao financiamento público das obras, estabeleça
normas de transparência e conte
com dispositivos para prevenir a irresponsabilidade fiscal.
São questões relevantes, algumas
delas em parte já contempladas, que
visam assegurar a lisura do processo
de contratação e proteger o equilíbrio das finanças públicas. Tais precauções são indispensáveis para minimizar os riscos de que essas parcerias abram caminho para que interesses privados se apoderem de verbas públicas através da mediação nebulosa de políticos ou de pessoas especializadas na coleta de fundos para
partidos e campanhas.
Quanto a isso, o senador, ao atacar
o tesoureiro do PT, expõe sua preocupação política com a perspectiva
de o partido governista ampliar suas
vias de acesso à iniciativa privada em
busca de benefícios. A apreensão
procede, mesmo porque esse tipo de
operação -na qual empresas se
vêem constrangidas a fazer doações
ou pagar "pedágios"- não é uma
invenção do PT. Trata-se de prática
antiga e deplorável, que o ex-governador do Ceará e a classe política conhecem perfeitamente.
A proposta das PPPs é uma das esperanças do governo para promover
investimentos em infra-estrutura -e
tem recebido apoios respeitáveis. O
próprio senador Jereissati a considera, no atacado, "um bom projeto".
Para ser útil ao país, no entanto, é imprescindível que se fechem as portas
para gastos descontrolados e conluios espúrios.
Próximo Texto: Editoriais: SEM PRECIPITAÇÃO Índice
|