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Medidas necessárias
Em debate nos círculos governistas, ajuste das finanças públicas será fundamental para garantir crescimento de longo prazo
Conforme esta Folha noticiou
anteontem, a candidata Dilma
Rousseff discute com o presidente
da República e com interlocutores
da área econômica a implementação de medidas de ajuste fiscal no
início de seu governo -caso se
confirme nas urnas a vitória ora
anunciada pelas pesquisas.
A ideia seria seguir o exemplo
do próprio Lula, que diante da
grave crise de confiança provocada por sua eleição optou, no começo do primeiro mandato, pelo
receituário econômico conservador, com ênfase no aperto monetário e na contenção de gastos. Os
resultados, como se sabe, provaram o acerto da decisão.
O cenário negativo enfrentado
pelo mandatário petista em 2003,
em grande parte fruto das teses irresponsáveis defendidas durante
anos por seu partido, era sem dúvida bem pior do que o atual.
A diferença no entanto não encobre o fato de que, depois de oito
anos de lulismo, os controles se
afrouxaram ao sabor das conveniências políticas e dos bons resultados macroeconômicos. Reformas fundamentais, como a tributária, foram abandonadas, as
contas públicas se deterioraram e
prosperou a velha ideia do Estado
onipresente e gastador.
Segundo noticia-se, as principais medidas em análise nos círculos da candidatura governista
estariam voltadas para a área fiscal, mas haveria também a possibilidade de reduzir a meta de inflação -que passaria dos atuais
4,5% para 4% ao ano. No terreno
do corte de despesas, estaria em
pauta uma drástica redução dos
reajustes salariais concedidos ao
funcionalismo público.
A proposta de reordenamento
das finanças públicas torna-se
menos improvável quando se especula que o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, poderá ocupar a pasta da Fazenda, e
o ex-ministro Antonio Palocci Filho, algum cargo de relevo no
eventual governo Dilma. Meirelles
e Palocci, como se sabe, foram os
artífices do ajuste realizado logo
após a posse de Lula.
É bom lembrar no entanto que a
simples ideia de associar contenção de gastos e aperto monetário é
capaz de despertar fortes resistências nas fileiras cada vez mais populosas e vorazes da situação.
Além das previsíveis reações de
descontentamento das correntes
econômicas ligadas ao PT -que
verão "neoliberalismo" no que seria sensatez- podem-se imaginar
as pressões exercidas pelo exército da fisiologia, que já esfrega as
mãos à espera de mais um assalto
a cargos públicos.
O cenário eleitoral ainda está
indefinido. Mesmo que se confirme a vitória da candidata petista,
é ainda um exercício de futurologia discutir sobre nomes para ministérios e a viabilidade de planos
econômicos em gestação.
É prudente aguardar até que se
possa ter uma visão mais realista
sobre o país que sairá das urnas, o
cacife dos partidos da base governista e o que, enfim, sobrará da
oposição.
São incertezas que não invalidam o principal: seja qual for o novo presidente, é imperioso corrigir
os rumos das finanças públicas e
da política econômica. Para assegurar o crescimento saudável e de
longo prazo, o Brasil precisa, entre
outras providências, reduzir a carga tributária, diminuir o peso da
dívida interna em relação ao PIB e
livrar-se dos custos gerados pela
ineficiência do Estado.
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