São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 2002

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TERROR NA RÚSSIA

Nada pode justificar a atitude do comando tchetcheno que invadiu um teatro no centro de Moscou e fez cerca de 700 civis de reféns, ameaçando explodir o edifício com todos dentro caso a Rússia não suspenda sua ofensiva militar na Tchetchênia. Por maiores que tenham sido os crimes de guerra praticados pela Rússia na "república rebelde" -e eles foram grandes-, ninguém pode pretender reparar uma injustiça cometendo outra tão grande quanto.
O terrorismo é uma ameaça que precisa ser combatida. Isso não significa, é óbvio, que todos os países que têm problemas com atentados devam lançar suas tropas contra o suposto inimigo. Alguma repressão é necessária, mas a melhor forma de enfrentar o terror é pela prevenção.
É preciso não apenas punir os responsáveis por crimes dessa natureza mas também agir sobre as causas que tornam o terrorismo uma alternativa para legiões crescentes de jovens desesperançados. Adotar a abordagem apenas militar pode significar agravar o problema no futuro, gerando mais insatisfação, o que produzirá mais candidatos a mártir.
Infelizmente, os países afetados pelo terror tendem a perder de vista a dimensão política da questão e a apostar em soluções de força. É o que se verifica, por exemplo, nos Estados Unidos e em Israel. É provável que, resolvido o episódio do sequestro, os russos intensifiquem ainda mais a repressão na Tchetchênia.
Um outro efeito possível é um alinhamento mais decidido do presidente da Rússia, Vladimir Putin, à "cruzada contra o terror" dos EUA, o que poderia incluir o fim da oposição russa a uma ação militar contra o Iraque, por exemplo.
O que há de particularmente sombrio no terrorismo é a dinâmica irracional que ele imprime às coisas: os países atingidos tendem a adotar medidas retaliatórias que são compreensíveis, mas que podem agravar o problema em vez de resolvê-lo.


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