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TERROR NA RÚSSIA
Nada pode justificar a atitude
do comando tchetcheno que
invadiu um teatro no centro de Moscou e fez cerca de 700 civis de reféns,
ameaçando explodir o edifício com
todos dentro caso a Rússia não suspenda sua ofensiva militar na Tchetchênia. Por maiores que tenham sido
os crimes de guerra praticados pela
Rússia na "república rebelde" -e
eles foram grandes-, ninguém pode pretender reparar uma injustiça
cometendo outra tão grande quanto.
O terrorismo é uma ameaça que
precisa ser combatida. Isso não significa, é óbvio, que todos os países
que têm problemas com atentados
devam lançar suas tropas contra o
suposto inimigo. Alguma repressão
é necessária, mas a melhor forma de
enfrentar o terror é pela prevenção.
É preciso não apenas punir os responsáveis por crimes dessa natureza
mas também agir sobre as causas
que tornam o terrorismo uma alternativa para legiões crescentes de jovens desesperançados. Adotar a
abordagem apenas militar pode significar agravar o problema no futuro,
gerando mais insatisfação, o que
produzirá mais candidatos a mártir.
Infelizmente, os países afetados
pelo terror tendem a perder de vista a
dimensão política da questão e a
apostar em soluções de força. É o
que se verifica, por exemplo, nos Estados Unidos e em Israel. É provável
que, resolvido o episódio do sequestro, os russos intensifiquem ainda
mais a repressão na Tchetchênia.
Um outro efeito possível é um alinhamento mais decidido do presidente da Rússia, Vladimir Putin, à
"cruzada contra o terror" dos EUA, o
que poderia incluir o fim da oposição
russa a uma ação militar contra o Iraque, por exemplo.
O que há de particularmente sombrio no terrorismo é a dinâmica irracional que ele imprime às coisas: os
países atingidos tendem a adotar
medidas retaliatórias que são compreensíveis, mas que podem agravar
o problema em vez de resolvê-lo.
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