|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Violência, diagnóstico e inação
SÃO PAULO - Vejo no Jornal Nacional de segunda-feira o deputado
Paulo Pimenta (PT-RS) dizer que o
problema da violência no Rio não é
uma jabuticaba local, mas fruto da
facilidade com que as armas contrabandeadas circulam pelo Brasil
apesar de serem transportadas por
terra, o que pressupõe superar meia
dúzia de controles até chegar aos
delinquentes no Rio.
A fita da memória rebobina imediatamente para Praga, dezembro
de 1994, hotel Savoy. Fernando
Henrique Cardoso, então presidente eleito, a dias da posse, conversa
com um pequeno grupo de jornalistas. O Rio está conflagrado, então
como agora. FHC diz, basicamente,
o que Pimenta repetiria 15 anos depois.
Duas cenas que ilustram bem o
Brasil: diagnóstico nunca falta. Falta tratamento adequado para as
doenças apontadas.
Note o leitor que o diagnóstico
neste caso é de duas autoridades
dos dois partidos que se revezaram
no poder nestes 15 anos. Nem um
nem o outro deram consequência
ao diagnóstico, e as armas continuam circulando livremente.
Preciso acrescentar que o monopólio das armas pelo poder público
é requisito essencial para uma política de segurança pública?
À inação oficial soma-se a leniência do público. Nos comentários e
cartas aos jornais desta semana, a
tônica é mais ou menos assim: o Rio
de Janeiro tem um sério problema
de violência, mas São Paulo também tem. É verdade, mas resolve o
problema do Rio?
Não faltou quem lembrasse que
Londres, um dia depois de escolhida sede olímpica (para 2012), passou por atentados mais graves do
que os do Rio nestes últimos sete
dias. Também é verdade, mas faltou
contar a segunda parte da verdade:
desde então não houve mais atentados em Londres.
No Rio (ou São Paulo, tanto faz),
são diários, antes, durante e depois
do helicóptero abatido.
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: Difusão do transplante
Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: O bruxo Índice
|