São Paulo, sábado, 25 de dezembro de 2010

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Editoriais

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Retrato americano

O Censo de 2010 nos Estados Unidos, como todo levantamento demográfico do gênero, capta transformações de período longo em geral imperceptíveis para o alcance limitado da observação jornalística ou sociológica. Algumas delas se mostram intrigantes.
É o caso da queda abrupta da taxa de crescimento populacional, de 13,2% nos anos 1990 para 9,7% na década que ora se encerra. É a segunda menor já registrada, perdendo apenas para os 7,3% do período 1930-1940.
Ao contrário de vários países desenvolvidos, nos EUA a população não para de crescer (alcançou 308,7 milhões). A fertilidade, contudo, cai em vários Estados, aproximando-se do nível em que deixa de repor a perda de população por mortalidade, como já ocorre em muitas partes da Europa.
Na média, a taxa de natalidade está em 14 nascimentos por mil habitantes, contra 16 por mil na década anterior. No entanto, o recuo termina compensado pela imigração, que respondia por dois terços do crescimento nos anos 1990. Agora, com o novo Censo, constata-se que essa participação se reduziu a 40% do aumento.
Nos dois casos, a tendência parece associada à crise econômica de 2008. Como na década de 1930, após a crise de 1929, e na de 1980, em menor escala, as famílias adiam planos de ter filhos. Um país em dificuldades econômicas se torna menos atraente para estrangeiros, mais ainda quando endurece regras de imigração por razões de segurança.
O crescimento de 9,7% não se distribui de maneira uniforme pelos 50 Estados americanos. Grosso modo, a população do nordeste dos EUA, de ocupação mais antiga, progrediu mais lentamente, na faixa de 5%. Tendência oposta se observou em Estados do Sul, como Texas, Geórgia e Flórida, e do Oeste, como Utah, Arizona e Nevada, com taxas em torno de 20%.
Se os cálculos se confirmarem, o Texas poderá ganhar quatro assentos, e Nova York, perder dois na Câmara de Representantes. De um modo geral, ganharão cadeiras Estados em que os republicanos são bem votados e perderão aqueles em que os democratas costumam sair-se melhor.


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