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Editoriais
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Abuso policial
Em junho de 2009, policiais da
corregedoria arrancaram à força
as vestes de uma escrivã acusada
de receber propina em uma delegacia na zona sul de São Paulo.
Uma investigação para apurar se
houve excessos foi arquivada. A
delegada Marina Inês Trefiglio Valente, por ironia a primeira mulher na história a ocupar o cargo
de corregedora-geral, defendeu a
ação dos subordinados.
Apenas depois do vazamento
de um vídeo, na semana passada,
que registra a ação, o caso tomou
novo rumo. Os policiais envolvidos acabaram afastados, e o inquérito foi reaberto. A delegada,
nomeada em março de 2009, foi
retirada do cargo.
Assistir à gravação, feita pelos
próprios policiais, é testemunhar
um abuso. Contra a violência que
se anuncia, ouvem-se apelos da
escrivã, suspeita de esconder propina sob a roupa para escapar do
flagrante. "Você está dificultando
nosso trabalho", diz um agente.
Havia duas policiais femininas
na sala, e a escrivã dizia concordar
em ser revistada por elas. Exigia
apenas que os homens saíssem.
Em vão. Depois de arrancados os
trajes à força, um deles mostra
quatro notas de R$ 50 à câmera.
"Está presa em flagrante", diz. Expulsa em 2010, a funcionária agora recorre da decisão.
Não se trata de discutir se a suspeita era culpada, mas o modo como o caso foi conduzido. É óbvio,
mas cumpre ressaltar, que ilegalidades não podem servir de caminho para expor outros ilícitos.
O combate à corrupção policial
é uma das principais bandeiras do
atual secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto. Em sua gestão, cerca
de um quarto dos pouco mais de
3.000 delegados do Estado tornaram-se alvo de investigações da
Corregedoria da Polícia Civil.
Um dos maiores problemas enfrentados pelo órgão é justamente
o corporativismo, um tipo de comportamento que não deveria contaminar autoridades graduadas. O
vídeo tinha chegado à secretaria
em novembro, mas a reação só
veio após seu vazamento.
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