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ERRO DE AVALIAÇÃO
Atualmente a democracia não
goza de muito prestígio na
América Latina. Estudo realizado pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) mostra
que a maior parte da população latino-americana apoiaria um governo
autoritário, desde que com ele se resolvessem os problemas econômicos
de seus respectivos países.
Os números obtidos em pesquisa
que envolveu a população de 18 nações -incluindo o Brasil- indicam
que a maioria dos latino-americanos
considera o desenvolvimento econômico preferível aos benefícios políticos da democracia. Julgam, além disso, que o regime democrático não resolve os problemas de seus países. O
estudo indica que se frustraram as esperanças de que a instituição da democracia fosse acompanhada pela
superação do subdesenvolvimento e
das desigualdades que historicamente caracterizam a região.
De fato, os índices de desemprego,
os indicadores de pobreza e o desnível de renda relativos aos países latino-americanos ainda são escandalosos. A ONU estima, por exemplo,
que até o ano passado 43,9% da população latino-americana vivia abaixo da linha de pobreza. Em 2002, o
índice de desemprego médio regional era de 9,2%.
É inquietante constatar que nesse
contexto ganha força a opinião, marcada por um pragmatismo extremado, de que, em troca de prosperidade
econômica não seria mau negócio
abrir mão da democracia.
O grande risco que salta da pesquisa é avaliar a democracia não por
aquilo que ela é e representa em termos de sistema político, de direitos e
garantias, mas apenas como mais
uma fórmula para promover o crescimento da economia. E daí inferir incorretamente que num regime de liberdades não encontramos as condições para superar nossas conhecidas
dificuldades econômicas.
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