|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Perguntas, só por perguntar
SÃO PAULO - O PSDB nasceu, a
rigor, para que seus caciques paulistas (Fernando Henrique Cardoso,
Mario Covas, José Serra, Franco
Montoro, para citar só os principais) se livrassem da inconveniência de chamar de companheiro a
Orestes Quércia.
Agora, o cacique tucano José Serra não vê mais inconveniente em
chamar Quércia de companheiro,
tanto que foi o articulador, nas
sombras, do acordo para que o
PMDB, a marca fantasia do quercismo em São Paulo, apoiasse Gilberto
Kassab, que, aliás, é do DEM, cujas
lideranças mais antigas sempre estiveram na margem oposta à dos líderes que viriam a ser tucanos, até a
campanha de 1994. Lembra-se? Eu
me lembro.
A pergunta seguinte inevitável é:
mudou Quércia? Mudaram os tucanos? Ou são mesmo todos farinha
do mesmo saco?
Agora, perguntas para o PT. Diz
nota da Executiva, ao vetar o acordo
do prefeito de Belo Horizonte
(MG), Fernando Pimentel, com o
governador tucano Aécio Neves,
que "os diretórios nacional e estadual do PT consideram o governo
Aécio Neves uma administração
comprometida com políticas frontalmente distintas daquelas que
compõem nosso ideário e o nosso
programa de governo".
Beleza. Podemos todos, então,
deduzir que Quércia, sim, é compatível com o PT, já que o partido, em
São Paulo, buscou ansiosamente
coligar-se com ele? Que Fernando
Collor é compatível com o PT, aliados que são no Senado? Que Paulo
Maluf é compatível com o PT, posto
que faz parte da base de sustentação do governo Lula?
Aliás, se fosse para levar a ferro e
fogo a nota do PT, o governo Lula
também é incompatível com o partido, porque a política econômica é
comandada por Henrique Meirelles, eleito pelo mesmo PSDB de Aécio Neves, por sua vez incompatível
com o "ideário" petista.
É tudo tão ridículo.
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: Mais concorrência
Próximo Texto: Brasília - Melchiades Filho: Parente é serpente Índice
|