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EMÍLIO ODEBRECHT
O compromisso de cada um
NO PASSADO, era normal que
trabalhadores e executivos
deixassem às empresas o
planejamento e a gestão de suas
carreiras. Trabalhavam muito,
atualizavam-se pouco e quase não
pensavam em mudanças. Alguns
ficavam décadas na mesma função.
Raros eram os que adquiriam novas competências, ainda mais por
conta própria. No máximo, reciclavam as antigas.
A realidade mudou. Autodesenvolvimento passou a ser a chave do
êxito para os profissionais no mundo de hoje, porque o propósito do
aprimoramento constante deve ser
uma responsabilidade do indivíduo para consigo, não da empresa
para com ele.
O mundo do trabalho agora exige
de quem nele se insere que tome as
rédeas de seu próprio destino.
Quem investe em si mesmo demonstra estar comprometido com
sua realização profissional -pela
busca do domínio pleno naquilo
em que se especializou-, com sua
realização econômica -pelo compartilhamento dos resultados que
ajuda a empresa a gerar- e com
sua realização emocional, como
um corolário do que almeja conquistar na vida.
Mas, para isso, é indispensável
que principalmente o trabalhador
jovem se imponha o desafio de
aprender a aprender, o que significa ter a capacidade de interpretar a
realidade a partir das referências a
seu alcance, formular novos conceitos e levá-los à prática.
Uma condição para o aprimoramento das pessoas é esta aptidão,
que chamo de pensar conceitualmente. Outra condição é a capacidade de autoavaliar-se e identificar
com espírito crítico carências e
motivações.
Ocorre que, se a prática da autoeducação é o fermento que promove
a ascensão do indivíduo, nem sempre isso é uma tarefa fácil.
Em algumas circunstâncias, os
resultados somente serão alcançados se a predisposição de quem deseja aprender encontrar respaldo
em um líder-educador que, ao perceber o potencial e o desejo de crescimento do liderado, tem a coragem de lhe atribuir responsabilidades que se mostram acima das qualificações que demonstra no momento. O efeito imediato desse
gesto é a busca do conhecimento e
das competências exigidas para a
superação dos novos desafio.
Meu pai, Norberto Odebrecht,
até hoje lembra com gratidão de
um pastor luterano, de nome Arnold, que lhe ensinou a ler e, sobretudo, a entender o mundo. Era um
preceptor.
No âmbito das organizações empresariais, o líder-educador exerce
esse papel. A partir de sua autoeducação, pratica a pedagogia da presença, oferecendo tempo, presença, experiência e exemplos àqueles
que têm no autodesenvolvimento
um compromisso com o próprio
futuro.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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