São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 2011

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CARLOS HEITOR CONY

Um casamento irreal

RIO DE JANEIRO - Mais pelo desinteresse pessoal do que pelo peso dos anos, não estou dando a mínima bola para o casamento na família real da Inglaterra. Trata-se de uma reprise em versão de filme B. Entre as desditas de minha vida profissional, incluo a ida a Londres para cobrir o casamento do príncipe Charles com Lady Di, por conta de duas revistas de amenidades, "Manchete" e "Fatos&Fotos".
A confusão começou na agência da Keystone, que trabalhava para o mesmo grupo. Mesmo assim, consegui credencial para um bom lugar, onde vi Lady Di entrar na catedral de São Paulo carregada pelo pai, um tal de lorde Spencer, que por sinal exagerara no gim e estava trôpego. Não foi ele que levou a filha ao altar: a filha é que o levou até lá.
O príncipe Charles estava simplesmente apavorado, olhava para a mãe que o fiscalizava, em busca de uma aprovação que não foi completa. Foi nessa cerimônia que vi o personagem mais gordo do mundo, um rei de país africano que equivalia a cinco Jô Soares comprimidos. Kiri Te Kanava salvou a festa cantando Handel.
A imprensa mundial queria a foto dos nubentes se beijando na sacada do palácio. O beijo demorou, foi preciso a intervenção de muita gente para que os dois se beijassem à frente da multidão. Sabia-se que o príncipe tinha um caso. O que não se sabia era o tipo de princesa que Lady Di ameaçava ser.
Londres estava uma festa. Nas confeitarias, os bolos tinham a cara dos noivos, em todas as lojas e ruas o casal comparecia de mil formas, comia-se e vestia-se com Charles e Diana, um "conto de fadas" -como agora a imprensa classifica o novo evento.
Foi um dos maiores sacos de uma carreira profissional mais do que modesta. Ali mesmo, roguei pragas, tais e tantas, que o casamento deu no que deu.


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