São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2005

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DESEJO DE PARAR

Pesquisa inédita realizada pelo Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo) revelou que apenas 7% dos fumantes paulistanos não desejam abandonar esse hábito. De acordo com o estudo, coordenado pela cardiologista Jaqueline Issa, 67% dos 1.825 entrevistados têm planos de largar o vício. Desses, 30% pretendem fazê-lo logo.
Esses resultados precisam ser vistos com uma certa cautela. As entrevistas foram realizadas em shoppings, clubes e parques da cidade e no contexto de uma campanha antitabagista -o que tende a despertar as "boas intenções" dos pesquisados. Se a consulta tivesse se estendido a bares e inferninhos, é provável que o número de fumantes inveterados crescesse. De toda forma, a sondagem confirma que existe uma porção muito expressiva de dependentes que deseja parar de fumar.
O problema é oferecer aos interessados as informações e os meios para auxiliá-los nessa tarefa. No Incor, o tempo de espera por uma consulta para tratamento de tabagismo passa dos seis meses. Na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a fila chega a um ano. E a demora para conseguir ver um médico é só a primeira etapa da via-crúcis que é o acesso às terapias.
Se o nível de dependência do fumante recomendar a utilização de medicamentos (normalmente, repositores de nicotina, como adesivos e chicletes, e antidepressivos), ele poderá ter de gastar R$ 150 por mês -meio salário mínimo.
É fundamental que o poder público amplie a oferta de serviços de apoio ao fumante bem como a disponibilidade de medicamentos antifumo na rede pública. Trata-se, afinal, de um dos mais rentáveis investimentos em saúde pública que existem. A diminuição do tabagismo, afinal, está relacionada com uma diminuição na prevalência de doenças cardiovasculares, pulmonares, câncer e hospitalizações em geral -que exigem gastos maiores do que os necessários para parar de fumar.


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