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DESEJO DE PARAR
Pesquisa inédita realizada pelo
Incor (Instituto do Coração do
Hospital das Clínicas de São Paulo)
revelou que apenas 7% dos fumantes
paulistanos não desejam abandonar
esse hábito. De acordo com o estudo,
coordenado pela cardiologista Jaqueline Issa, 67% dos 1.825 entrevistados têm planos de largar o vício.
Desses, 30% pretendem fazê-lo logo.
Esses resultados precisam ser vistos com uma certa cautela. As entrevistas foram realizadas em shoppings, clubes e parques da cidade e
no contexto de uma campanha antitabagista -o que tende a despertar
as "boas intenções" dos pesquisados. Se a consulta tivesse se estendido a bares e inferninhos, é provável
que o número de fumantes inveterados crescesse. De toda forma, a sondagem confirma que existe uma porção muito expressiva de dependentes
que deseja parar de fumar.
O problema é oferecer aos interessados as informações e os meios para auxiliá-los nessa tarefa. No Incor,
o tempo de espera por uma consulta
para tratamento de tabagismo passa
dos seis meses. Na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a fila
chega a um ano. E a demora para
conseguir ver um médico é só a primeira etapa da via-crúcis que é o
acesso às terapias.
Se o nível de dependência do fumante recomendar a utilização de
medicamentos (normalmente, repositores de nicotina, como adesivos e
chicletes, e antidepressivos), ele poderá ter de gastar R$ 150 por mês
-meio salário mínimo.
É fundamental que o poder público
amplie a oferta de serviços de apoio
ao fumante bem como a disponibilidade de medicamentos antifumo na
rede pública. Trata-se, afinal, de um
dos mais rentáveis investimentos em
saúde pública que existem. A diminuição do tabagismo, afinal, está relacionada com uma diminuição na
prevalência de doenças cardiovasculares, pulmonares, câncer e hospitalizações em geral -que exigem gastos maiores do que os necessários
para parar de fumar.
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