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ELIANE CANTANHÊDE
"Tempo de plantar, tempo de colher'
BRASÍLIA - Na terça, agricultura familiar. Na quarta, microcrédito para
quem não tem nem conta bancária.
Na semana que vem, o programa Primeiro Emprego. Mas tem mais!
Até aqui, o dinheiro vem do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador),
de depósitos à vista e apenas uma
parcela (R$ 150 milhões) do Orçamento. Mas isso é para fechar o primeiro semestre com boas notícias, solenidades e discursos do presidente.
As gafes? Bem, isso é outra história.
Para abrir o segundo semestre, a
expectativa é que o presidente e seus
ministros comecem a liberar verbas
do Orçamento e, enfim, a governar.
Não satisfeito com um superávit primário (contenção para pagar juros)
estipulado em 4,25% do PIB para este
ano no acordo com o FMI -o que já
é um sacrifício imenso-, o governo
exibe um superávit próximo de 7%
no acumulado do ano. Haja arrocho!
Desculpas não faltam: o governo do
PT não conhece a máquina, há muita coisa errada, é preciso fazer auditorias e mudar tudo. Afinal, tudo e
todos são novos. Então, ninguém faz
nada, o que equivale a dizer não gasta nada. E o cofre crescendo...
A partir de julho, essa "economia"
toda, hoje tão criticada, pode virar o
grande trunfo governista para ampliar as solenidades e os discursos
(com ou sem gafes de Lula). Depois
dos microcréditos, investimentos. Em
estradas, habitação, saneamento,
saúde e educação, por exemplo. Tudo
gerando não só ações necessárias de
governo como mais empregos e boas
notícias para o povo. Oba, oba.
O ministro Cristovam Buarque andou dizendo que, no segundo semestre, vai ter grana até para aumentar
o Fundef. Promessa de quem? De Lula. E com base em quê? No dinheiro
sovinamente guardado e materializado no supersuperávit primário.
No primeiro semestre, com muito
gás político e boa vontade do eleitorado, Lula trancou o cofre. No segundo, com o governo apanhando pela
macroeconomia conservadora e a
votação da reforma da Previdência, a
ordem é abrir. Tudo faz enorme sentido político. Mas e os juros, hein?
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