São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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Alto custo

APARECEU uma cifra que permite comparar a reforma agrária com outros programas sociais, sob a ótica de custos e benefícios. Estudo feito pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário a pedido da Folha apurou que o gasto médio para o assentamento de uma família no Brasil é de R$ 31 mil.
O titular da pasta, Guilherme Cassel, defende a sua seara. Reconhece que o custo é alto, mas argumenta que o benefício, a geração de empregos, compensa. Segundo o estudo, cada dez novas famílias assentadas levam à criação de 47 postos de trabalho.
Por princípio, qualquer dinheiro novo que o governo destinar aos mais pobres redundará na criação de empregos. Pesquisas em regiões beneficiadas pelo Bolsa Família mostram como o comércio, a agricultura e a indústria locais se expandem e criam empregos por conta da entrada dos recursos públicos.
À diferença de um programa de renda mínima, a reforma agrária se pretende política emancipadora. As famílias beneficiadas deveriam ter condições de alçar vôo autônomo a partir de certo ponto. É preciso saber se os empregos gerados pelo programa agrário se sustentam ao longo do tempo e se produzem um nível mínimo de renda sem o concurso do poder público.
Caso contrário, a reforma agrária se torna uma doação contínua de dinheiro do Estado e deveria ser substituída por ações como o Bolsa Família, mais baratas e eficientes sob esse aspecto. Seria interessante, para aperfeiçoar o debate, que centros de estudos autônomos como o Ipea tentassem aferir o grau de emancipação dos assentados.


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