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Alto custo
APARECEU uma cifra que
permite comparar a reforma agrária com outros
programas sociais, sob a ótica de
custos e benefícios. Estudo feito
pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário a pedido da Folha apurou que o gasto médio
para o assentamento de uma família no Brasil é de R$ 31 mil.
O titular da pasta, Guilherme
Cassel, defende a sua seara. Reconhece que o custo é alto, mas
argumenta que o benefício, a geração de empregos, compensa.
Segundo o estudo, cada dez novas famílias assentadas levam à
criação de 47 postos de trabalho.
Por princípio, qualquer dinheiro novo que o governo destinar aos mais pobres redundará
na criação de empregos. Pesquisas em regiões beneficiadas pelo
Bolsa Família mostram como o
comércio, a agricultura e a indústria locais se expandem e criam
empregos por conta da entrada
dos recursos públicos.
À diferença de um programa
de renda mínima, a reforma
agrária se pretende política
emancipadora. As famílias beneficiadas deveriam ter condições
de alçar vôo autônomo a partir
de certo ponto. É preciso saber
se os empregos gerados pelo programa agrário se sustentam ao
longo do tempo e se produzem
um nível mínimo de renda sem o
concurso do poder público.
Caso contrário, a reforma
agrária se torna uma doação contínua de dinheiro do Estado e deveria ser substituída por ações
como o Bolsa Família, mais baratas e eficientes sob esse aspecto.
Seria interessante, para aperfeiçoar o debate, que centros de estudos autônomos como o Ipea
tentassem aferir o grau de emancipação dos assentados.
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