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RUÍDOS NO CASO BRASIL
Depois do susto e do alívio com o
desenrolar da crise econômica no
Brasil, houve uma fase de lua-de-mel
com os mercados. Mas a semana
passada pode ter sido mais um marco, talvez o início de uma nova inquietação com relação à indispensável correção de desequilíbrios fundamentais na economia brasileira.
O primeiro sinal veio com a revisão
para baixo da meta de superávit comercial negociada com o FMI.
Veio então a decisão do Banco Central de reduzir os juros em percentual
inferior ao esperado pelo mercado.
Logo depois, outra notícia desfavorável: as contas do Tesouro Nacional, BC e Previdência Social geraram
um déficit de R$ 796 milhões em
maio. É um déficit primário, ou seja,
não inclui as despesas com juros.
O desequilíbrio é mais que o dobro
do registrado em maio do ano passado. Tais números tornam mais difícil
a realização da meta acertada com o
FMI (superávit primário, em 1999, de
3,1% em todo o setor público).
Num cenário de cautela entre os investidores e de provável alta nas taxas
de juros nos EUA, não é bom que surjam evidências negativas sobre as
contas públicas e as contas externas.
Os ruídos na economia são causados também por atritos judiciais.
Cresce o número de liminares contra
a CPMF. Tudo indica que a divergência possivelmente será dirimida apenas pelo Supremo Tribunal Federal.
A cobrança da Cofins também depara com liminares contra o aumento da alíquota e a mudança na base. É
outra questão para o STF.
O déficit total da Previdência passou de R$ 33,4 bilhões em 97 para R$
41 bilhões em 98, devendo atingir R$
46 bilhões em 99. É outro indicador
de desequilíbrio estrutural que incomoda os mercados financeiros.
A economia não pode crescer muito, para não tornar ainda mais improvável o superávit no comércio exterior. Mas o crescimento baixo é um
inimigo visceral da arrecadação e do
ajuste nas contas da Previdência.
Tantos ruídos acabam afetando as
expectativas nos mercados financeiros. Resta esperar que a cacofonia
não traga outra crise de confiança.
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