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CENÁRIO DIFÍCIL
As intervenções do Banco
Central -venda diária de US$
50 milhões, operações de swap cambial e leilões de linha externa- não
vêm conseguindo frear a disparada
do dólar. A cotação chegou a romper
a barreira dos R$ 3. A taxa de risco do
país, medida pelo EMBI+ (Emerging
Markets Bonds Index) do JP Morgan,
ultrapassou 1.800 pontos.
A instabilidade externa vai cobrando seu preço. O valor de mercado das
empresas listadas na Bovespa recuou
US$ 50 bilhões apenas neste ano. A
dívida líquida do setor público atingiu R$ 750 bilhões (58,6% do PIB). A
desvalorização cambial em junho resultou na expansão de R$ 41,8 bilhões na dívida, pois um terço dela
está atrelado ao câmbio.
A economia perde dinamismo. O
sistema de crédito está travado. Segundo o BC, a demanda e a oferta de
crédito das empresas foram concentradas em transações de curto prazo
(desconto de duplicatas ou notas
promissórias). O mercado de trabalho deteriorou. Cresceu a taxa de desemprego; a renda do trabalho caiu
pelo 17º mês consecutivo e aumentou a informalidade na economia.
No âmbito externo, a crise de confiança nos mercados de capitais aumenta a aversão ao risco dos países
emergentes, que encontram dificuldades para refinanciar suas dívidas.
O presidente do BC, Armínio Fraga, sugeriu outro acordo com o FMI,
com a contratação de novos recursos. O acordo pressupõe, ao menos
em tese, que os candidatos devam assinar os compromissos assumidos,
pois o estatuto do FMI dificulta novos empréstimos em fins de mandato. A entrada de novos recursos seria
bem-vinda, mas o BC poderia também utilizar outros instrumentos de
âmbito doméstico para tentar conter
a especulação. Por exemplo, elevar
os depósitos compulsórios ou reduzir os compromissos em moeda estrangeira nos bancos.
A longo prazo, o governo não deve
perder de vista que a saída para a redução da vulnerabilidade externa é a
política de substituição de importação e um programa ativo de aumento
das exportações.
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