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CLÓVIS ROSSI
Quatro anos para ver o óbvio
SÃO PAULO - É formidável a rapidez fulminante com que o presidente Lula tira conclusões. A mais
recente delas surgiu na posse de
Nelson Jobim como novo ministro
da Defesa:
"Digo categoricamente que é preciso repensar neste país o Ministério da Defesa. Porque o Ministério
da Defesa, tal como está, está
aquém daquilo que é a exigência da
sociedade brasileira. É preciso que
tenhamos um ministério com a força suficiente para fazer o que precisa ser feito. Desde reequipar as Forças Armadas brasileiras até colocar
pessoas para tomar conta de tudo o
que é pertinente".
Quanto tempo mesmo faz que
Lula é presidente da República?
Quatro anos, seis meses e 25 dias,
certo? Caramba, como é que conseguiu em tão pouco tempo descobrir
tudo de uma vez só?
Aliás, não seria em todo lugar, e
não só na Defesa, que é preciso colocar "pessoas para tomar conta de
tudo o que é pertinente"?
Ficamos, pois, sabendo que, pelo
menos no Ministério da Defesa, não
havia uma "pessoa para tomar conta de tudo o que é pertinente".
Só não se sabe se havia alguém
que tomasse conta de "coisas que
não são pertinentes".
Só lamento ter que discordar de
de Lula quando diz que "não é segredo para nenhum brasileiro que
temos uma crise no setor aéreo, numa combinação de várias coisas que
vêm acontecendo nos últimos meses".
Um brasileiro, chamado exatamente Luiz Inácio Lula da Silva,
não sabia que havia uma crise, tanto
que levou todos esses meses até decidir fazer alguma coisa.
Seria bom que o presidente aproveitasse o momento de descoberta
do óbvio que viveu ontem para pôr
de lado a auto-exaltação em que se
tornou campeão para reconhecer
que há uma pilha de outros setores
que é preciso repensar. Não tem
mais quatro anos para enxergar a
vida como ela é.
crossi@uol.com.br
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