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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Os de sempre

CARACAS - O governo Lula e o PT estão ressuscitando simultaneamente a Sudam e o deputado Jader Barbalho.
Enquanto relançam a velha superintendência, que virou um antro de escândalos ao longo dos anos, Lula e os petistas negociam com Jader, que já apareceu algemado na TV, passou algumas horas preso e responde a incontáveis processos na Justiça, como desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha.
No vôo de Brasília para Caracas, li em "O Globo" uma, digamos, curiosa reportagem sobre como Jader continua manda-chuva do PMDB, foi decisivo para a filiação de Garotinho e interage com o PT para garantir votações no Congresso e nomear afilhados.
Jader é um animal político. Dos 58 anos de vida, passou 36 na política. Conhece o jogo. Esperto, ágil, duro. No início, contra o regime militar. Depois, comenta-se, em favor próprio. Está, portanto, no seu papel. Espantosos são o governo Lula e o PT.
Eles mergulharam com volúpia no mesmo jogo de poder que engoliu FHC e os tucanos -aliás, sob intensa crítica do então oposicionista PT. Bastam sete meses de governo e ninguém mais pode falar nada de ninguém.
Na campanha, Lula e o PT prometeram mudar tudo. Mas não mudaram nem os velhos caciques que há décadas mandam em tudo no Congresso, nos seus Estados, quiçá no próprio país. Jader é apenas um novo exemplo que surge das negociações pró-reforma da Previdência, que irão desembocar em altos cargos para o PMDB. FHC acabou cedendo o rico Ministério dos Transportes para o partido. O que Lula cederá?
José Sarney, dono do Maranhão e ex-presidente da República, voltou à presidência do Senado e hoje opera como líder do governo e dos petistas no Congresso. ACM anda quietinho até onde a vista e os microfones da imprensa alcançam, mas não é à toa que a Bahia virou uma espécie de campeã de votos pró-reforma da Previdência na Câmara.
Assim como na economia, nada muda na política. Os métodos e os protagonistas continuam os mesmos.


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