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ELIANE CANTANHÊDE
Os de sempre
CARACAS - O governo Lula e o PT estão ressuscitando simultaneamente a
Sudam e o deputado Jader Barbalho.
Enquanto relançam a velha superintendência, que virou um antro de
escândalos ao longo dos anos, Lula e
os petistas negociam com Jader, que
já apareceu algemado na TV, passou
algumas horas preso e responde a incontáveis processos na Justiça, como
desvio de recursos públicos, lavagem
de dinheiro, formação de quadrilha.
No vôo de Brasília para Caracas, li
em "O Globo" uma, digamos, curiosa
reportagem sobre como Jader continua manda-chuva do PMDB, foi decisivo para a filiação de Garotinho e
interage com o PT para garantir votações no Congresso e nomear afilhados.
Jader é um animal político. Dos 58
anos de vida, passou 36 na política.
Conhece o jogo. Esperto, ágil, duro.
No início, contra o regime militar.
Depois, comenta-se, em favor próprio. Está, portanto, no seu papel. Espantosos são o governo Lula e o PT.
Eles mergulharam com volúpia no
mesmo jogo de poder que engoliu
FHC e os tucanos -aliás, sob intensa
crítica do então oposicionista PT.
Bastam sete meses de governo e ninguém mais pode falar nada de ninguém.
Na campanha, Lula e o PT prometeram mudar tudo. Mas não mudaram nem os velhos caciques que há
décadas mandam em tudo no Congresso, nos seus Estados, quiçá no
próprio país. Jader é apenas um novo
exemplo que surge das negociações
pró-reforma da Previdência, que irão
desembocar em altos cargos para o
PMDB. FHC acabou cedendo o rico
Ministério dos Transportes para o
partido. O que Lula cederá?
José Sarney, dono do Maranhão e
ex-presidente da República, voltou à
presidência do Senado e hoje opera
como líder do governo e dos petistas
no Congresso. ACM anda quietinho
até onde a vista e os microfones da
imprensa alcançam, mas não é à toa
que a Bahia virou uma espécie de
campeã de votos pró-reforma da Previdência na Câmara.
Assim como na economia, nada
muda na política. Os métodos e os
protagonistas continuam os mesmos.
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