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FERNANDO RODRIGUES
"Concertación" e "embromación"
BRASÍLIA - É direito dos governantes de turno -e talvez até um
dever- tanger as forças representadas no Congresso para algum
acordo a favor da governabilidade.
É isso o que têm feito Lula e alguns de seus encantadores de serpentes, como Márcio Thomaz Bastos e Tarso Genro. O problema é o
exagero, como agora com a onda da
"concertación" à chilena, sem a
qual o Brasil cairia num buraco para nunca mais sair. Embromação
pura.
Os acordos entre forças políticas
diversas no Chile e na Espanha são
mencionados como exemplos. Nos
dois casos, o arreglo se deu depois
de um longo período de ditadura.
No Brasil, a história é outra. Aqui, a
democracia foi restabelecida em
1985, há 21 anos. Nesse intervalo
(Lula incluso), a mesma elite tomou
conta do pedaço numa "concertación" total entre empresários, bancos e políticos.
Atrair para um acordão as principais forças políticas tornaria o debate ainda mais interditado. Basta
ver que hoje a maior queixa no processo eleitoral é que os presidenciáveis mais bem colocados têm programas idênticos.
Um acerto geral entre os quatro
partidos grandes (PT, PSDB, PMDB
e PFL) seria o triunfo da mediocridade. Todos juntos torcendo para
que a nação prosperasse num prazo
de 150 anos. Alternância de poder
seria item supérfluo.
Outro efeito colateral dessa "embromación" comandada pela trinca
Lula-MTB-Tarso Genro é a tal reforma (sic) política. O retrocesso
seria gigante. O ponto número um é
acabar com a cláusula de desempenho para os partidos.
Resumo da ópera: desconfie
quando o político fala que o Brasil
só cresce e se desenvolve depois da
tal "concertación". É mentira.
Como não haverá o tal acordo,
o presidente eleito sempre terá a
desculpa de que tentou, mas não
deixaram.
frodriguesbsb@uol.com.br
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