São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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CLÓVIS ROSSI

O tucano órfão

SÃO PAULO - Atrevo-me a dar uma boa e uma má notícia para Geraldo Alckmin.
A boa: ele não é o único candidato a sofrer uma vertiginosa mudança em apenas 30 dias, pouco mais ou pouco menos. Barack Obama também passou de uma vantagem de sete pontos sobre John McCain para uma desvantagem de cinco pontos, pelo menos de acordo com o instituto Zogby.
Como Obama é tudo o que se quiser, menos "picolé de chuchu", o apelido que José Simão tascou em Alckmin, o candidato tucano não tem (ainda) razões para cortar os pulsos. Se um candidato tão antichuchu pode tropeçar desse jeito, também pode acontecer com Alckmin ver uma desvantagem de 4 pontos (dentro da margem de erro) transformar-se em 17.
A má notícia: lida com lupa a pesquisa Datafolha publicada no domingo, verifica-se que não há propriamente uma gangorra Marta/ Alckmin/ Kassab entre uma pesquisa e outra, mas uma hemorragia na candidatura Alckmin.
Em algo menos de dois meses, Marta oscilou de 38% para 36% e para 41%. Do ponto de partida (38%, no início de julho), evoluiu na margem de erro.
Kassab idem. De 13% para 11%, e daí para 14%, é um ritmo normal.
Alckmin não. Caiu oito pontos percentuais em um mês, fora da margem de erro e sem que tivesse havido qualquer evento que o fizesse sangrar. Não foi apanhado roubando as moedas amealhadas por um mendigo cego na porta da igreja, não esfaqueou a mulher ou a filha, nada que tivesse merecido atenção especial da mídia.
A lógica manda atribuir a hemorragia ao fato de que ficou exposta a orfandade de Alckmin. Nem o seu partido o apadrinha. Ao contrário, apunhala-o sem piedade e sem o menor pudor.
Não está, pois, nas mãos de Alckmin o torniquete que poderia conter o sangramento.

crossi@uol.com.br


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