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CLÓVIS ROSSI
A ceia de Lula*
SÃO PAULO - Coitado do presidente Lula. Acabou em situação
bem pior que a de Jesus Cristo, com
o qual gosta de se comparar.
Para começar, Cristo, mesmo
sendo filho de Deus e, portanto,
com poderes talvez maiores que
Lula, teve só um traidor, o tal de Judas.
Já Lula é traído dia sim, o outro
também, por um monte de seus
apóstolos.
A lista de traidores ainda não foi
oficialmente divulgada pelo próprio Cris, ops, Lula, mas o procurador-geral da República o fez por ele,
incluindo 40 nomes.
E ainda não havia começado a, digamos, ceia mais recente, comumente chamada de "dossiegate",
que só fez aumentar o número de
companheiros de Judas (companheiros aí tem, sim, duplo sentido).
O que torna a saga de Lula ainda
mais terrível que a de Cristo é o fato
de que Judas pelo menos aumentou
a renda per capita dos apóstolos, ao
vender-se por 30 dinheiros para entregar o Mestre.
Já os Judas do lulo-petismo não
se venderam. Compraram ou tentaram comprar não o Mestre, mas um
dossiezinho merreca -e por 1,7 milhão de dinheiros.
Se tivessem feito um cursinho na
escola dos vendilhões do templo,
talvez fossem mais bem sucedidos
do que ao freqüentar apenas a escola de inteligência da campanha Lula.
O presidente leva vantagem, no
entanto, em um quesito: Pedro, um
dos apóstolos, apertado, entregou o
ouro, ao negar Cristo três vezes.
Já os neo-Judas do lulo-petismo
não entregam nem sob tortura a
origem do dinheiro que usaram na
operação. Vai ver que, se contarem
tudo, não sobra nenhum apóstolo
para cear com Cristo-Lula.
Ele já perdeu, aliás, o churrasqueiro oficial da turma, sinal de
modernidade, já que, antes, era só
pão e vinho. E nem era Romanée-Conti.
*Co-autores: Vinicius Mota e Hélio Schwartsman.
crossi@uol.com.br
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