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GUERRA DE RECURSOS
Alguns dos mais duradouros e
sangrentos conflitos do mundo têm como combustível matérias-primas como petróleo, madeiras tropicais, plantas usadas na produção
de drogas (principalmente papoula e
coca), pedras preciosas, cobalto e
coltan (columbita-tantalita, minério
utilizado na fabricação de circuitos
eletrônicos usados em telefones celulares), segundo recente estudo publicado pela organização ambiental
Worldwatch Institute.
O relatório, intitulado "Anatomia
das Guerras por Recursos" cita, entre outros exemplos, a guerra civil
angolana. Os rebeldes da Unita se financiavam com a venda de diamantes para companhias mineradoras
sul-africanas. Segundo o estudo, o
comércio ilegal rendeu aos rebeldes
algo como US$ 4 bilhões entre 1992 e
2001, numa estimativa conservadora.
Outros conflitos marcados pela exploração de recursos naturais incluem o ópio no Afeganistão, as madeiras nobres em Myanmar e o coltan no Congo.
Por vezes, para explorar melhor as
reservas naturais, as facções em
guerra forçam o deslocamento de
populações, quando não as utilizam
como mão-de-obra barata. Há até
casos em que jovens são recrutados à
força. É claro que esse tipo de exploração não se importa com os danos
ambientais que possa provocar.
A proposta dos autores do relatório
para resolver o problema -o boicote
a produtos que sejam feitos com matérias-primas "sujas"- tem algo de
poético e irrealista, principalmente
se se consideram recursos como petróleo, uma commodity, ou drogas,
cujo comércio já é ilegal. Ainda assim, não parece um despropósito
tentar criar mecanismos internacionais para evitar que matérias-primas
cobiçadas por países ricos tragam
ainda mais sofrimento para os pobres. Não se deve desprezar a crescente tendência dos consumidores
mais ricos de dar atenção à origem
dos produtos que utilizam.
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