São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Evolução
"Há dias a Folha publicou artigos sobre a polêmica que nos Estados Unidos divide criacionistas e evolucionistas sobre o que deve ser ensinado nas escolas públicas. Essa divisão de opiniões, exposta de modo rígido, pode, de certo modo, deixar mal os cientistas cristãos, entre os quais me encontro. Para nós, a evolução foi um instrumento de Deus na criação do Universo, inclusive na criação de nosso planeta e dos seus seres vivos. É necessário deixar bem claro que somos cristãos e também evolucionistas. Aliás, para os católicos, isso já foi admitido pelo papa Pio 12. Muitos evangélicos também pensam assim, como o nosso amigo e professor doutor Warwick Kerr."
Paulo Nogueira-Neto, professor emérito do Instituto de Biociências da USP (São Paulo, SP)

Militares
"A coluna de Vinicius Torres Freire de ontem ("Quem educa os militares?", Opinião, pág. A2) inicia-se com a pergunta "o que aprendem os militares nas suas escolas?" e se encerra com a seguinte frase: "As escolas militares devem ter seus currículos revistos e controlados pelos representantes do Estado Democrático". Na qualidade de militar desde os 16 anos de idade e tendo servido no Exército por 35 anos -atualmente tenho 80 anos e sou coronel reformado do Exército-, sinto-me revoltado, caluniado, humilhado e ofendido pela maneira medíocre e mesquinha -que chega às raias da ignorância- como foi enunciada a pergunta e a proposta, que só pode ter partido de um energúmeno. Estranhei inclusive a acolhida da Folha a manifestações de tal tipo."
Erasmo Dias, vereador PP-SP (São Paulo, SP)

 

"A charge de Angeli de ontem ("Os arquivos que choram') é brilhante, assim como é brilhante o artigo "Quem educa os militares?", de Vinicius Torres Freire (Opinião, pág. A2). O artigo deveria ser publicado em todos os jornais do país, deveria ser lido em todas as escolas -das do ensino básico às universitárias- e na "ordem do dia" de todos os quartéis militares e deveria ser afixado nos murais de todas as academias policiais. Assim, como diz o autor, nossos jovens seriam ajudados a serem formados no espírito da Constituição, e os militares e policiais seriam lembrados de que são servidores públicos que existem para proteger o nosso incipiente Estado Democrático."
Synésio de Paula Santos (São Roque, SP)

Vlado, Duda, Angeli
"As alegorias do chargista da Folha têm merecido os aplausos dos leitores. Mas a de domingo passado foi lamentável e deve ter sido repudiada por qualquer um que possua um mínimo de respeito pelos mortos -sobretudo por se tratar de alguém que foi sacrificado por defender o ideal próprio. Juntar no mesmo palco Vladimir Herzog e o marqueteiro é antiético. Se o jornalista alude ao colega falecido, da forma insensível como fez, no momento em que a ferida é reaberta, é um péssimo exemplo da imprensa para a imprensa. O episódio do empresário poderia ser desenhado jocosamente de mil e uma formas, mas sem banalizar a imagem do seu colega jornalista. O mínimo que o humorista deve fazer é pedir desculpas à família de dona Clarice."
Arary da Cruz Tiriba (São Paulo,SP)

Israel
"Li nesta seção no dia 23/10 a carta do senhor Berel Aizenstein. Quando o judeu Mordechai Vanunu foi solto, em abril deste ano, li nas notícias internacionais que ele tinha sido seqüestrado pelo Mossad em Roma e julgado a portas fechadas e que cumpriu pena de 18 anos de prisão -14 anos em solitária. Tendo cumprido sua pena, agora não pode sair do país, não pode viajar dentro de Israel nem pode fazer reuniões: está, pois, "banido", castigo semelhante ao que era imposto às pessoas que lutavam contra o regime de apartheid na África do Sul. As autoridades aplicaram a ele uma lei britânica que data da época em que o território que é hoje Israel era protetorado inglês. O que a imprensa israelense publicou foi não apenas o endereço de Vanunu mas uma pesquisa de opinião sobre qual o destino que se deveria dar a ele, sendo uma das alternativas "matá-lo". Por isso o interesse do senador Suplicy, que quer o bem desse cidadão judeu e o bem da grande nação que é Israel. Essa situação é uma daquelas que depõem contra a admirável tradição milenar judaica, da qual todos nós somos tributários de alguma forma."
Elisa Helena Rocha de Carvalho (São Paulo, SP)

Vida humana
"Apresento meu aplauso pela publicação do artigo "A vida humana é inviolável" (Opinião, pág. A2, 16/10). O ilustre arcebispo de Mariana, dom Luciano Mendes de Almeida, escreveu um artigo objetivo e claro. Em seu final, também desafiante, pondera não haver "coerência em lutar contra guerras, terrorismo, tortura e assassinatos se somos coniventes com a eliminação de seres humanos inocentes e indefesos". Ele tem razão, pois todo aborto provocado é massacre de um ser humano, cruel covardia contra um inocente incapaz de reagir. As penalidades estipuladas contra o aborto em nosso Código Penal vão sendo agora neutralizadas, abolidas simplesmente pelo arbítrio de um ministro do Supremo Tribunal Federal ou por votação do Senado -ao pronunciar-se pela utilização de embriões humanos vivos e congelados em pesquisas científicas. Se não tem valor respeitável a vida dos nascituros, que valor terá em breve a vida dos anciãos e mesmo a dos doentes inválidos nos leitos das UTIs? Caminhamos para a cultura da morte e mesmo da barbaridade?"
Antônio Affonso de Miranda, bispo emérito de Taubaté (Taubaté, SP)

Fundo Estadual de Cultura
"Em carta publicada nesta seção na sexta-feira passada, a sra. Marili Ribeiro, coordenadora de Comunicação da Secretaria Estadual da Cultura, escreveu que, "durante a reunião mencionada, interrompida pela saída de alguns participantes, foi proposto novo encontro". Em uma única frase ela contradiz declaração anterior da própria secretária Cláudia Costin, que dissera que apenas o deputado Vicente Cândido havia saído da reunião, e cita duas inverdades: que "alguns participantes" se retiraram e que "foi proposto novo encontro". A verdade é que todos os participantes se retiraram e não foi proposto nenhum novo encontro. Também não é verdade que a Cooperativa Paulista de Teatro apóia a candidatura petista. Em assembléia geral extraordinária, realizada no dia 20 passado, foi deliberado que a entidade não apoiaria institucionalmente nenhum partido político no atual pleito. E a sra. Marili Ribeiro está tentando desviar a discussão para outro campo. Insisto: se a secretária de Cultura é realmente favorável ao Fundo Estadual de Arte e Cultura, como tem declarado à imprensa, o que queremos saber é quando o Executivo enviará o projeto de lei à Assembléia Legislativa."
Francisco Cabrera, presidente da Cooperativa Paulista de Teatro (São Paulo, SP)


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