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ELIANE CANTANHÊDE
Crime e castigo
BRASÍLIA - O presidente eleito está para decidir ainda nesta semana
duas áreas fundamentais: Justiça e
Segurança Pública.
Primeiro, define-se o conceitual; depois, o formato; por último, a "cara"
do felizardo que vai tocar a coisa. Se é
que se pode chamar de "felizardo"
quem vai cuidar de crime organizado, polícia, morte e sangue...
No programa da fome, discute-se se
haverá ou não cupons. No caso da
Educação, se as universidades devem
ou não ser transferidas para Ciência
e Tecnologia. E, agora, mais essa: se
haverá ou não uma secretaria de segurança vinculada ao Planalto.
Apesar de a idéia da secretaria autônoma ter ficado bem forte um mês
atrás, houve um recuo da equipe petista -melhor dizendo, "lulista". A
tendência agora é a área, que é delicada, literalmente minada, continuar no Ministério da Justiça.
Ninguém quer o presidente Lula
transformado em chefe de polícia,
tendo de ir à televisão, dia sim, dia
não, para falar de guerra de quadrilhas no Rio, de sequestros em São
Paulo, de tráfico (de influência e de
drogas) no Espírito Santo. Isso é coisa
para ministro, e ministro forte. Um
ministro só da Justiça deve ser um catedrático. Um ministro da Justiça e
da Segurança tem de ser "durão".
Como bem diz o advogado Antônio
Carlos Almeida Castro, que participa
informalmente dos debates, "ministro cai, presidente não pode cair".
Numa dessas ondas, ou desses crimes
que mobilizam muito a mídia, o ministro ficaria sob tiroteio, e o presidente, preservado.
O jurista Márcio Thomaz Bastos já
disse que não quer ser ministro, com
ou sem a Segurança. Os nomes fortes
são os de José Paulo Sepúlveda Pertence, que é ministro do Supremo e
foi procurador-geral da República, e
de José Genoino, que tem liderança, é
próximo a Lula, um dos deputados
mais experientes do Congresso e interlocutor respeitado na área militar.
O presidente eleito deve receber, entre hoje e amanhã, uma proposta fechada para a pasta, com uma sugestão sutil do perfil para ocupá-la. Com
a palavra, Lula.
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