São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

Crime e castigo

BRASÍLIA - O presidente eleito está para decidir ainda nesta semana duas áreas fundamentais: Justiça e Segurança Pública.
Primeiro, define-se o conceitual; depois, o formato; por último, a "cara" do felizardo que vai tocar a coisa. Se é que se pode chamar de "felizardo" quem vai cuidar de crime organizado, polícia, morte e sangue...
No programa da fome, discute-se se haverá ou não cupons. No caso da Educação, se as universidades devem ou não ser transferidas para Ciência e Tecnologia. E, agora, mais essa: se haverá ou não uma secretaria de segurança vinculada ao Planalto.
Apesar de a idéia da secretaria autônoma ter ficado bem forte um mês atrás, houve um recuo da equipe petista -melhor dizendo, "lulista". A tendência agora é a área, que é delicada, literalmente minada, continuar no Ministério da Justiça.
Ninguém quer o presidente Lula transformado em chefe de polícia, tendo de ir à televisão, dia sim, dia não, para falar de guerra de quadrilhas no Rio, de sequestros em São Paulo, de tráfico (de influência e de drogas) no Espírito Santo. Isso é coisa para ministro, e ministro forte. Um ministro só da Justiça deve ser um catedrático. Um ministro da Justiça e da Segurança tem de ser "durão".
Como bem diz o advogado Antônio Carlos Almeida Castro, que participa informalmente dos debates, "ministro cai, presidente não pode cair". Numa dessas ondas, ou desses crimes que mobilizam muito a mídia, o ministro ficaria sob tiroteio, e o presidente, preservado.
O jurista Márcio Thomaz Bastos já disse que não quer ser ministro, com ou sem a Segurança. Os nomes fortes são os de José Paulo Sepúlveda Pertence, que é ministro do Supremo e foi procurador-geral da República, e de José Genoino, que tem liderança, é próximo a Lula, um dos deputados mais experientes do Congresso e interlocutor respeitado na área militar.
O presidente eleito deve receber, entre hoje e amanhã, uma proposta fechada para a pasta, com uma sugestão sutil do perfil para ocupá-la. Com a palavra, Lula.


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