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CLÓVIS ROSSI
O torneio da mediocridade
SÃO PAULO - Era uma vez um presidente da República, chamado Luiz
Inácio Lula da Silva, que anunciou,
lá pelo meio do ano, o iminente início
do "espetáculo do crescimento".
Agora, um de seus mais antigos auxiliares, de nome Guido Mantega,
ministro do Planejamento, vem brigar contra o "pessimismo" de seus colegas da Fazenda, que previram um
crescimento de apenas 0,4% para a
economia neste ano.
Segundo o otimista Mantega, o
crescimento vai ser o dobro, pura e
simplesmente: fantástico, 0,8%. Seria
ridículo, não fosse trágico.
Faz lembrar, inexoravelmente, a
piada do otimista que pediu um cavalo de presente ao pai, abriu a porta
no dia seguinte, viu os dejetos do bichinho e ficou todo satisfeito, certo de
que o animal propriamente dito logo
se materializaria.
É assim que estamos: o pessimista
prevê 0,4%, o otimista se contenta
com a caca do cavalo. É um espetáculo, de fato, embora não exatamente
de crescimento.
O governo do PT tem tão pouco a
comemorar que fica fazendo ruído
sobre 0,4% ou 0,8% de crescimento (o
que não passa de mais um ano de estagnação). Em circunstâncias normais, qualquer governo silenciaria
sobre esse desempenho. Mas quem
não tem o que comemorar festeja a
mediocridade.
Do lado da oposição, não vamos lá
muito melhor. A propaganda que o
PFL lançou na segunda-feira na TV
diz, primeiro, que Lula foi eleito em
nome das mudanças, para acrescentar que, até agora, "tudo continua
igual".
Faltou dizer: igual à porcaria que
deixamos (PFL e PSDB) ao terminar
nosso governo.
Como se vê, está em pleno andamento o torneio da mediocridade.
Difícil dizer quem vai ganhar, mas
está claríssimo quem está perdendo:
um tal de Brasil.
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