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FERNANDO RODRIGUES
A crise, Lula e a realidade
BRASÍLIA - Enquanto Lula manda seus ministros dizerem que o
Brasil vai crescer 4% em 2009, no
mundo real fica cada vez mais claro
como está distante o fim da atual
crise. O salvamento do Citibank é a
demonstração acabada sobre a gravidade do momento. Pela concordância tácita, também indica a intenção de Barack Obama de utilizar
a mesmíssima política do atual ocupante da Casa Branca: despejar
toneladas de dinheiro público na
economia.
George W. Bush titubeou em setembro. Sua equipe econômica piscou na hora de salvar o Lehman
Brothers da falência. O banco evaporou. Depois, a crise foi ladeira
abaixo.
Engenheiros de obras feitas no
Brasil -e nos Estados Unidos- criticaram a decisão da equipe de
Bush. O Lehman era muito grande
para quebrar, disseram. Alguns desses críticos eram os mesmos que
antes reclamavam dos socorros estatais a bancos privados -como
ocorrera no início do ano com o
Bear Stearns.
Depois da vacilada, a política econômica ficou clara como nunca.
Haverá dinheiro estatal de sobra
para salvar tantos quantos forem os
bancos ou empresas em dificuldades por causa de barbeiragens com
derivativos e outros ativos tóxicos.
A lógica toda será usar a confiança ainda existente na maior reserva
de valor do planeta: o dólar. Mais
adiante, quando a inflação brotar
por causa da emissão de moeda sem
lastro, assistiremos à pior parte da
crise, com uma brutal alta dos juros.
No Planalto, mesmo vendo a degradação do cenário, Lula parece
comandar um bloco do auto-engano. Repete um mantra sobre a solidez do país. Fará uma propaganda
na TV a respeito. Ou o petista enxerga o que ninguém vê ou prepara
o país para uma das maiores decepções recentes ao longo do ano de
2009. A ver.
frodriguesbsb@uol.com.br
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