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RISCO EM DÓLAR
Segundo informações do Banco Central, há uma grande concentração de vencimentos da dívida
externa de curto e longo prazos durante este ano. São estimadas amortizações de US$ 45 bilhões, sendo
US$ 27,2 bilhões do setor privado.
Dessa forma, empresas estão aproveitando a maior oferta de recursos
nos mercados financeiros internacionais para tentar melhorar os seus
perfis de endividamento.
Segundo análises do mercado financeiro, o prazo médio das captações do setor privado está, hoje, em
150 meses. No entanto, se for desconsiderada uma emissão da Vale do
Rio Doce, de 30 anos, esse prazo cai
para 84 meses. Mesmo assim, tem-se um avanço notável, já que em abril
de 2003 ele era de apenas 14 meses.
Além de estender prazos, as empresas conseguiram reduzir as taxas de
juros das operações. Algumas delas
passaram também a buscar mecanismos de prevenção contra oscilações da cotação do dólar. Isso poderá
atenuar, mas não irá eliminar todos
os riscos inerentes a um processo de
endividamento externo.
O descasamento de moedas -receitas em reais e compromissos em
dólar- permanece problemático,
uma vez que em torno de 70% das dívidas das companhias brasileiras foram contratadas em moeda americana e nem todas possuem proteção
adequada. Há, portanto, a ameaça de
que uma mudança no cenário internacional crie dificuldades para o setor privado captar e rolar seus vencimentos no exterior, como aconteceu
no segundo semestre de 2002.
Como o volume da dívida externa é
relativamente elevado (US$ 92,4 bilhões), uma eventual desvalorização
da moeda brasileira afetaria o balanço das empresas que não fizeram seguro cambial suficiente. Mesmo prevendo-se um ano relativamente calmo, os contratos na Bolsa de Mercadorias & Futuros projetam um dólar
a R$ 3,17 em dezembro, cotação
11,5% acima da atual. Essa variação
não apenas sugere a necessidade de
proteção para a s empresas como enfatiza a importância de que surjam
melhores fontes de financiamento
em reais, o que evitaria o crítico risco
de descasamento de moedas.
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