|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Cristovam e Tarso
BRASÍLIA - O que Tarso Genro tem que Cristovam Buarque não tem?
Os dois são intelectuais, falam pelos
cotovelos e têm uma explicação sofisticada para tudo, mesmo para as
questões mais simples.
Os dois já disputaram e venceram
eleições e têm experiência administrativa. Genro foi prefeito de Porto
Alegre, e Buarque, reitor da UnB e
governador do Distrito Federal.
Os dois ainda são referências do PT
nos seus redutos. Tarso, no Rio Grande do Sul. Buarque, quase sozinho,
no DF, hoje dominado pelo peemedebista Joaquim Roriz.
Então, voltando à pergunta original: o que um tem que o outro não
tem (ou não tinha) para ser ministro
da Educação do governo Lula?
A origem político-partidária, por
exemplo. Tarso Genro esteve no PT e
com o PT desde a criação do partido,
lá se vão mais de 20 anos. Já Cristovam Buarque era um técnico, passou
pelo governo Tancredo, enveredou
pelo PDT e votou em Leonel Brizola
(hoje na oposição) nas primeiras eleições presidenciais, em 89. O candidato do PT foi Lula.
Isso explica, talvez, quem sabe, o
"isolamento" do qual Buarque se
queixou ainda no governo em carta a
Luiz Gushiken e do qual continua se
queixando agora, já com o pé fora do
MEC, a caminho do Senado.
Mas não explica as diferenças e menos ainda a antipatia que Lula confidenciava aos mais próximos quando
falava do seu primeiro ministro da
Educação. Para o presidente, Buarque é arrogante, fala como dono da
verdade, trata os demais (inclusive
ele próprio) com ar professoral.
A gota d'água pode ter sido a última reunião de Buarque no Planalto,
com Lula criticando o regime de cotas para negros nas universidades e
Buarque defendendo. Vá se saber.
Só não dá, nem dará jamais, para
dizer que Buarque caiu porque Lula
nunca engoliu a ousadia dele de querer ser o candidato presidencial do
PT em 98. Se essa culpa ele tem, seu
sucessor também tem. Lembra de
dois pré-candidatos contra Lula?
Pois é. Até isso. Buarque e Tarso Genro, ministro e sucessor.
Texto Anterior: Davos - Clóvis Rossi: Soros para presidente Próximo Texto: Rio de Janeiro - Marcelo Beraba: O segundo turno no Rio Índice
|