São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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Novos desmatamentos

NÃO CHEGOU A SER uma surpresa: o Ministério do Meio Ambiente já havia detectado, desde agosto, que o desmatamento em larga escala na Amazônia voltou a crescer. Ainda assim os números divulgados na quarta-feira foram mais dramáticos que o esperado, com a constatação de que as motosserras haviam destruído no mínimo 3.235 km2 de floresta -o equivalente a dois municípios de São Paulo- em cinco meses. E esse número ainda pode mais que duplicar.
Reverteu-se com isso a tendência de diminuição do desmate, registrada desde 2005. As imagens de satélite também deram pistas para identificar os vilões da história: a floresta diminuiu bem mais em áreas de Mato Grosso cultivadas com soja e no Pará, onde prevalece a pecuária.
O governo federal teria instrumentos para conter esse deterioração ambiental. Possui um Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e, já em 2005, havia baixado um decreto que ameaçava suspender a licença de propriedades rurais que não demonstrassem cumprir a lei ambiental em 200 municípios. Há ainda a proibição, jamais cumprida, de o Banco da Amazônia dar créditos a quem não comprovar boa conduta ecológica.
Outra possibilidade é certificar municípios e propriedades ambientalmente responsáveis, como prevê decreto de dezembro. Parte do mercado externo de carne e grãos é sensível a esses selos verdes.
Ninguém ignora que, dentro do governo, os "ambientalistas" -que deram clara demonstração de força, ao conseguir reduzir o volume de desmate por três anos consecutivos- estão em constante embate com os "pragmáticos", mais preocupados com as exportações.
Na quinta-feira, o governo anunciou que passaria a aplicar a lei. Até agora, no entanto, vem pecando por omissão.


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