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ELIANE CANTANHÊDE
Tira-teima internacional
BRASÍLIA - Ao anunciar uma "auditoria ou consultoria" para avaliar
o sistema de controle de tráfego aéreo no Brasil, o ministro Nelson Jobim reconhece que há problemas e
quer um diagnóstico antes de produzir mudanças. Mais: só há cinco
agências especializadas nisso no
mundo, todas estrangeiras.
O Comando da Aeronáutica disse
e repete que o sistema é equivalente
aos de Primeiro Mundo e atribui o
caos aéreo de 2007 aos controladores, que fizeram motim, greve e
operação-padrão só para, segundo a
FAB, acobertar os erros grosseiros
dos colegas envolvidos no choque
do Legacy com o Boeing em setembro de 2006 -marco da crise.
Já os comandos dos controladores dizem e repetem que o sistema
está obsoleto, os equipamentos vivem dando pane, a formação da categoria é precária e os salários são
aviltantes, daí porque muitos, senão a maioria, fazem outros cursos
para pular fora da carreira.
A FAB alega que bastou enquadrar os líderes, afastar os aliados e
ocupar as vagas com os controladores da área militar (de defesa do espaço aéreo) para tudo voltar à santa paz. E os controladores respondem
que nada melhorou, as condições
objetivas continuam ruins e logo
vai explodir tudo de novo (tomara
que não os aviões...).
Por e-mail, um deles contou que,
em Florianópolis, o sistema de comunicação telefônica entrou em
colapso, quatro consoles estão com
problemas graves e sem peças de
reposição e, das três telas de radar,
só uma funciona. Não fui lá e não sei
se é verdade, mas fica o alerta.
Como Jobim não é da FAB, nem
controlador, nem especialista em
radares e consoles, faz muito bem
em tirar a teima com uma auditoria
internacional. Até porque a aviação
é decisiva num país continental como o Brasil, ainda mais com um
crescimento acima de 5% e as pessoas viajando cada vez mais. Melhor diagnosticar e prevenir. Porque, se acontece, não tem remédio.
elianec@uol.com.br
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