São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

Tira-teima internacional

BRASÍLIA - Ao anunciar uma "auditoria ou consultoria" para avaliar o sistema de controle de tráfego aéreo no Brasil, o ministro Nelson Jobim reconhece que há problemas e quer um diagnóstico antes de produzir mudanças. Mais: só há cinco agências especializadas nisso no mundo, todas estrangeiras.
O Comando da Aeronáutica disse e repete que o sistema é equivalente aos de Primeiro Mundo e atribui o caos aéreo de 2007 aos controladores, que fizeram motim, greve e operação-padrão só para, segundo a FAB, acobertar os erros grosseiros dos colegas envolvidos no choque do Legacy com o Boeing em setembro de 2006 -marco da crise.
Já os comandos dos controladores dizem e repetem que o sistema está obsoleto, os equipamentos vivem dando pane, a formação da categoria é precária e os salários são aviltantes, daí porque muitos, senão a maioria, fazem outros cursos para pular fora da carreira.
A FAB alega que bastou enquadrar os líderes, afastar os aliados e ocupar as vagas com os controladores da área militar (de defesa do espaço aéreo) para tudo voltar à santa paz. E os controladores respondem que nada melhorou, as condições objetivas continuam ruins e logo vai explodir tudo de novo (tomara que não os aviões...).
Por e-mail, um deles contou que, em Florianópolis, o sistema de comunicação telefônica entrou em colapso, quatro consoles estão com problemas graves e sem peças de reposição e, das três telas de radar, só uma funciona. Não fui lá e não sei se é verdade, mas fica o alerta.
Como Jobim não é da FAB, nem controlador, nem especialista em radares e consoles, faz muito bem em tirar a teima com uma auditoria internacional. Até porque a aviação é decisiva num país continental como o Brasil, ainda mais com um crescimento acima de 5% e as pessoas viajando cada vez mais. Melhor diagnosticar e prevenir. Porque, se acontece, não tem remédio.

elianec@uol.com.br


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