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VINICIUS TORRES FREIRE
Bolsa-Família, o Real de Lula?
SÃO PAULO - O brasileiro é pobre.
50% ganham menos de um salário
mínimo, somada a renda do trabalho e de caraminguás sociais. Se o povo melhora um cadinho de vida e vê
nisso a mão do governo, vota nele.
A corrupção está muito associada à
rejeição do governo e à recusa do voto em Lula para apenas 5% do eleitorado. Não adianta que 77% dos eleitores considerem o governo corrupto;
que um terço tenha o presidente da
República como muito responsável
pelos escândalos.
Tal dissociação entre percepção da
bandalheira e tendência de voto tem
sido atribuída à redução do ruído
midiático a respeito do tema nos últimos três meses. Na campanha, dirão
os anti-Lula, a reprise contínua dos
videoclipes de cenas lamentáveis encenadas pelos petistas vai reavivar a
memória do eleitor.
Mas os adversários de Lula podem
vir a incorrer no mesmo erro do PT
na eleição de 1994, quando os petistas
desprezaram a opinião popular, encantada com a inflação baixa e um
crescimento econômico de 10% nos
dois anos anteriores à eleição.
Os programas sociais do governo federal afetam direta ou indiretamente
35% do eleitorado, mostra o Datafolha. A rejeição do voto em Lula cai
quase à metade entre o "eleitor Bolsa-Família". O presidente retomou a
liderança com o voto desse cidadão e
o dos mais pobres em geral. O Bolsa-Família é o Real de Lula?
Depois de projetos sociais e corrupção, trabalho e inflação são os temas
relevantes. Há tantos eleitores que
apontam a ação federal a respeito do
emprego como causa de satisfação
quantos aqueles insatisfeitos: o desemprego ainda é alto, mas caiu de
FHC 2 para Lula. Deve cair mais neste ano.
O pico da popularidade de Lula
ocorreu no Natal de 2004, ano de 5%
de crescimento. A economia de 2006
será melhor que a de 2005. Haverá
mais Bolsa-Família. Os pobres que
recebem outros benefícios sociais,
mais numerosos que os das "Bolsas",
terão mais dinheiro devido ao aumento real do salário mínimo. É um
ano pró-Lula.
@ - vinit@uol.com.br
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