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MORAL BAIXO
A força militar incontrastável
dos Estados Unidos não encontra paralelo no desempenho de
sua economia. Nesse front interno,
não há notícias que apontem para
uma retomada econômica duradoura. O índice de confiança dos consumidores americanos, segundo o instituto de pesquisas Conference
Board, atingiu na última sondagem
seu nível mais baixo em uma década.
O consumo é responsável por cerca
de dois terços do PIB dos EUA. Com
a diminuição do gasto e dos investimentos das empresas, os juros baixos e o aumento do dispêndio público lograram evitar, até agora, uma
queda acentuada no consumo das famílias norte-americanas, o que teria
levado a maior economia do planeta
a uma forte recessão.
Um dos mecanismos que possibilitaram a sustentação de um razoável
patamar de consumo está relacionado ao barateamento do crédito imobiliário naquele país. Com menos
renda comprometida com o pagamento de hipotecas, as famílias tiveram acesso a uma fonte adicional de
recursos para consumir.
Ocorre que a queda da atratividade
dos títulos privados gerada pela
acentuada deflação de ativos empresariais nas Bolsas e em outros mercados financeiros, aliada aos juros
baixos, parece ter ajudado a provocar
uma bolha especulativa no mercado
imobiliário dos EUA.
Animadas pelo aumento do valor
financeiro das residências, muitas
famílias utilizaram suas propriedades como garantia para obter crédito
do setor bancário. No ano passado, o
montante desse tipo de empréstimo
quase duplicou em relação a 2001.
Um previsível movimento de refluxo
nos preços dos imóveis já se inicia
em algumas regiões dos EUA e, se
ganhar fôlego, pode criar novo embaraço para o consumo, diminuindo
o crédito e encarecendo dívidas.
Não seria exagero afirmar que, neste momento, o desempenho econômico global depende significativamente do comportamento do consumidor norte-americano. Se houver nova piora nesse setor, portanto, o
prazo para a retomada do crescimento, inclusive no Brasil, pode ser mais
uma vez estendido.
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