|
Próximo Texto | Índice
CONFUSÃO DE OBJETIVOS
É difícil compreender a filosofia que inspirou o Ministério do
Meio Ambiente (MMA) a colocar-se
contra a utilização e até mesmo as
pesquisas com a chamada tecnologia "terminator", que induz as plantas transgênicas dela resultantes a
produzirem sementes estéreis. É essa a posição, já inscrita na nossa Lei
de Biossegurança, que o Brasil levou
para a COP-8 (8ª Conferência dos
Países Signatários da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU),
que ocorre em Curitiba.
Não há dúvida de que a principal
motivação das empresas de biotecnologia para desenvolver cultivos estéreis é o lucro. O agricultor que opta
pelos grãos transgênicos é obrigado
a comprar novas sementes a cada
plantio. É a receita perfeita para criar
um mercado cativo.
Ocorre, porém, que a esterilidade
de variedades transgênicas é também, em muitos casos, um inegável
mecanismo de biossegurança. Uma
das principais críticas à manipulação
genética em escala comercial diz respeito ao risco de que sementes com
genes alterados acabem invadindo o
ambiente e levem a uma redução da
biodiversidade.
Os que se opõem à tecnologia falam no perigo de o próprio gene da
esterilidade sair de controle, tornando inférteis culturas tradicionais. Em
teoria, é possível, ainda que a hipótese seja algo remota.
A posição mais sábia aqui é a de
não proibir de forma absoluta a tecnologia. O ideal é deixar que a
CNTBio, a comissão encarregada de
licenciar produtos transgênicos,
analise caso a caso cada produto.
Haverá situações em que a esterilidade reforçará a biossegurança e outras
em que o efeito pode ser o contrário.
O MMA, porém, parece mais interessado em arrancar o aplauso de
grupos que tendem a apoiá-lo -como a obscurantista Via Campesina- e em atacar as empresas de biotecnologia do que em assegurar
maior proteção ambiental.
Não há dúvida de que, muitas vezes, é preciso mesmo enfrentar os interesses da indústria. É importante
que o ministério continue exigindo
dela que demonstre a segurança de
seus produtos antes do licenciamento e insista na necessidade de segregar e rotular devidamente os transgênicos. Mas a preocupação deve ser
com o ambiente, e não com a revolução no campo ou o combate ao capitalismo transnacional.
Próximo Texto: Editoriais: ALIVIAR CONGONHAS Índice
|