|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Tucanos e petistas
BRASÍLIA - É um fato a degradação ética e moral promovida pelo PT com
Lula no poder. A discussão na praça é
se está pior ou melhor do que com
FHC. Para os tucanos, por óbvio, está
pior. Para Lula e o PT, está melhor.
Só o caixa dois que Márcio Thomaz
Bastos recomendou a todos assumirem não tem problema, pois esse crime seria generalizado no país.
Condenado a Brasília já há dez
anos, sinto informar que aos olhos
deste repórter o grau de degradação é
quase idêntico em Lula e em FHC.
Há diferenças na forma, mas as traficâncias são da mesma ordem.
FHC foi mais hábil do que Lula para matar no nascedouro as CPIs que
poderiam encalacrá-lo. Por exemplo,
em 1997, sufocou a investigação sobre
a compra de votos a favor da emenda
da reeleição. O caso explodiu em 13
de maio daquele ano. Nove dias depois, Íris Rezende virou ministro da
Justiça e Eliseu Padilha entrou para
os Transportes. Ambos do PMDB,
ajudaram a matar a crise.
Um ministro de FHC acertou tudo
com os réus confessos da compra de
votos -os dois deputados que renunciaram. Depois da negociação, o
emissário fernandista saiu do local
deitado no banco de trás de um veículo para não ser visto. Esses detalhes
não estão em "A arte da política", livro recém-lançado pelo ex-presidente, e, compreensivelmente, recheado
de omissões históricas.
No caso do "mensalão", Lula estava em convescote pela Coréia do Sul e
Japão quando a CPI foi criada. Na
dúvida, operou de maneira modesta
para impedir a instalação. Não agiu
por espírito democrático, mas por se
achar melhor que seu antecessor.
No Congresso, é verdade, os petistas
são mais bobos que os tucanos. Não
se viu ninguém do PSDB dançar no
plenário quando foi arquivado o caso
de Eduardo Azeredo, também acusado de envolvimento com o "mensalão". Mas houve comemoração em
privado, com certeza.
Os tucanos e os petistas se atacam
mutuamente, mas não sabem como
são iguais. No fundo, eles sabem.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Vinicius Torres Freire: Tão podre, tão cedo Próximo Texto: Rio de Janeiro - Plínio Fraga: O que quer a esquerda Índice
|