São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2007

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Democratas

RODRIGO MAIA

O PFL cumpriu seu papel, teve uma bela história. Será lembrado com admiração e respeito. A partir de agora, entra em cena o Democratas

NADA ADIANTA iludir-se.
Quando um ciclo da vida política se completa, partidos e políticos só têm dois caminhos: renovação ou desmoralização.
A Frente Liberal, embrião do PFL, foi decisiva para a implantação da nova democracia brasileira, como proclamou Tancredo Neves em 1985.
Eis que os desafios se renovaram, tudo mudou. Nada justifica o imobilismo.
O PFL cumpriu seu papel, teve uma bela história, não deixou passivos. Pelo contrário, será sempre lembrado com admiração e respeito. Mas, a partir de agora, entra em cena o Democratas. É o nosso novo campo de luta e nele desembarcamos igualmente renovados e dispostos.
O risco de manter a qualquer preço um partido que tenha cumprido seu papel é transformar o passado numa âncora que o impede de navegar para o futuro, sem ter que trair promessas, renegar promessas, voltar as costas a compromissos éticos e ideológicos, como temos visto no Brasil atual. Fingem que são os mesmos, insistem que estão à esquerda, mas já afundaram no populismo de direita. Não repetiremos esse erro.
O Democratas é opção de modernidade. Implica voltar-se para o futuro.
Ao adotar a palavra democrata, queremos atingir a profundidade possível de uma prática política que inclui, e não exclui; que defende a liberdade sem transigências; que não admite a existência de cidadãos de primeira e segunda classe, pois todos têm direitos iguais; que, principalmente, nasce com compromissos escritos, formais e solenes, programáticos e objetivos. Democracia completa, ampla, irrestrita. Não apenas social, política ou econômica.
Ao sair à rua, o Democratas indicará com o que se compromete precisamente a fazer para que -sem a ameaça da tirania populista- os brasileiros tenham emprego, educação, saúde, habitação e renda suficiente para se distanciar da miséria. Um Estado moderno no século 21, com potencialidade econômica, dispõe de todas as ferramentas para dar oportunidade de ascensão social ao seu povo. Mas essa virada não é tarefa para governos incompetentes, que confundem desenvolvimento com assistencialismo.
A falta de compromissos e programas, substituídos por frases de fantasia, como se fossem textos ideológicos, levou os políticos e a política ao descrédito. Nada de prometer revolução e implantar corrupção; de prometer mudar e aliar-se ao estabelecido; de prometer os melhores e governar com os piores; de prometer emprego e fomentar desemprego; de prometer a verdade e mentir.
Sem esquecer a história, para não repeti-la, o Democratas se propõe, desde já, antes de disputar a primeira eleição, a dizer o que pensa e o que quer, sem esperar que os marqueteiros indiquem truques oportunistas para atrair os eleitores. Aí estão as diferenças, a melhor razão para chamá-lo de novo.
O Democratas, com seu apelo popular, de aliança social para apoiar os que vivem na miséria, é projeto de poder. Ao contrário do oposicionismo vazio, o combate efetivo, com idéias, propostas e projetos, à mediocridade dos atuais detentores do poder.
Nada de ataques vazios ou ações negativas. Preparamo-nos para sermos propositivos: se apontarmos erros, apresentaremos ao mesmo tempo nossa proposta de solução.
Diferentemente do populismo, que corrompe, desmoraliza, escraviza por meio de favores (concedidos como se fossem concessões pessoais dos detentores do poder, quando são a partilha de recursos do Estado), o Democratas se considera capaz de triunfar pelo efeito demonstração.
A idéia do novo jamais pode ser processada por quem proclama, como o atual presidente, que "nunca, ninguém em tempo nenhum" fez mais e melhor que suas obras. O Democratas trilhará outra rota. Com humildade e trabalho diuturno, se prepara para o desafio de demonstrar, no dia-a-dia, a cada oportunidade, que sabe aonde levar o país e garantir trabalho, paz e liberdade aos brasileiros.
Neste momento, centenas de mulheres e homens de todos os Estados e das profissões mais variadas estudam e discutem como transformar a fundação do Democratas num grande espaço de debate para garantir trabalho -em vez de explorar os desempregados- e resolver questões que impedem o brasileiro de ser feliz, como segurança, habitação, educação e saúde. Tudo, naturalmente, preservando dois pressupostos essenciais: os direitos humanos e o meio ambiente.


RODRIGO MAIA é deputado federal pelo PFL do Rio de Janeiro. Foi líder de seu partido na Câmara (2005-2007).

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