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EDUCAÇÃO REPROVADA
Em termos de atraso educacional, o Brasil é comparável a alguns dos países mais pobres do globo. Essa é a conclusão que se pode tirar de uma pesquisa que mede a qualidade do ensino no mundo, realizada pela Unesco, agência da ONU para a educação, com base em 2002.
O Brasil saiu-se mal em um indicador-chave da qualidade do aprendizado: a taxa de repetência no nível
primário (da primeira à quarta séries
do ensino fundamental). Segundo a
Unesco, um em cada cinco alunos
brasileiros é reprovado nessa etapa
crítica do processo de instrução.
Até algumas das nações menos desenvolvidas do planeta obtiveram taxas melhores. Na África, a Namíbia,
o Senegal e Cabo Verde registraram
apenas 13% de repetentes no ciclo
primário. Entre os latino-americanos, a Nicarágua e o Suriname obtiveram, ambos, a marca de 11%.
A indigência do ensino brasileiro,
contudo, não chega a surpreender.
Sucedem-se os governantes, mas a
educação nunca é tratada como prioridade de fato. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu revolucionar o ensino, pouco fez para
cumprir a sua palavra.
A oito meses do fim do mandato,
sua única realização digna de nota
foi a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica (Fundeb), aprovado ontem no
Congresso. O Fundeb estenderá os
repasses da União a todos os três níveis do ensino básico (o infantil, o
fundamental e o médio) e promete
aumentar o volume dos recursos
aplicados no ensino.
Trata-se de um avanço -mas de
dimensão modesta diante do desafio
oceânico. Aumentar a dotação de recursos é um movimento que pode redundar em nada se não vier acompanhado de um plano articulado e profundo para a educação. É preciso formar melhores professores -atraindo parte da elite do país de volta a essa nobre profissão e utilizando a reciclagem em larga escala-, instituir
métodos universais de avaliar a qualidade do que é ensinado, estabelecer
parâmetros e prioridades e persegui-las com obstinação.
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