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Mais remendo fiscal
PARA compensar a queda na
arrecadação, o governo federal estuda ampliar a alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
(Cide), que onera a venda de
combustíveis.
Sua alíquota pode variar conforme as flutuações dos preços
globais dos combustíveis. É menor quando eles são mais altos e
maior quando caem. Dessa forma, serve para amortecer o impacto da variação do petróleo no
mercado mundial sobre os preços dos combustíveis no Brasil.
Foi o que ocorreu em maio de
2008. Com a escalada nas cotações internacionais, o governo
aumentou o valor do combustível nas refinarias. Evitou, no entanto, que o consumidor fosse
prejudicado, ao diminuir as alíquotas da Cide. Nas bombas, a
mudança teve impacto reduzido.
Mas a cotação da commodity
despencou desde meados de
2008. Com isso, os preços nas refinarias deveriam cair, aproximando-se dos praticados no
mercado internacional.
A diminuição deveria beneficiar o consumidor em momento
de crise. Para manter o mecanismo antiflutuações, seria razoável
que o governo compensasse apenas parcialmente a queda com o
mecanismo da Cide. Dessa forma garantiria algum alívio nos
preços cobrados na bomba, ora
em patamar bem superior aos de
outros países.
Mas o setor canavieiro não
quer ver o preço da gasolina diminuir, o que diminuiria a atratividade do álcool. O governo,
preocupado com a queda na receita com tributos, admite reduzir apenas o valor final do diesel.
É de lamentar que o papel da
Cide tenha sido desvirtuado. A
contribuição foi criada, entre outros objetivos, para promover a
manutenção da infraestrutura
de transportes. Mas serviu, desde a sua estreia, em 2001, para tapar buracos das contas públicas.
A manobra que está em estudo,
infelizmente, reafirma a primazia do remendo fiscal.
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